O
poder da humanidade é imenso. Sempre foi,
mas agora é maior e com tendência para crescer. O homem modificou um quarto de
toda a actividade fotossintética do mundo e metade dos recursos hídricos; alterou
as correntes oceânicas e atmosféricas; movimentou tanto material rochoso como o
processo de erosão natural; a biomassa humana e dos seus animais domésticos rouba
terra aos outros mamíferos; atulha os oceanos com plástico; e mata seres vivos
a um ritmo só visto há 65 milhões de anos, quando um asteróide embateu na Terra,
do que resultou, entre outras coisas, a
extinção dos dinossauros.
É tudo preocupante,
embora, em boa verdade, os homens modifiquem o ecossistema há milénios. Mas há
diferenças no tipo e na quantidade. E, para complicar, pelos meados deste Século a população
atingirá número próximo da dezena de milhares de milhões de almas a exigir e a
merecer qualidade de vida até agora reservada apenas a uma minoria.
Contudo, há hoje uma
corrente, dita dos modernos verdes, que não considera a matéria tão alarmante.
Para eles, os actuais ambientalistas são excessivamente pessimistas e fixados
em histórias de perda: ursos polares a morrer em icebergs a fundir, ecossistemas eternamente
alterados e rebabá. A natureza é resiliente, dizem, as florestas voltam a
crescer, os ursos adaptam-se a viver com temperaturas mais elevadas e por aí
fora. Terá sido sempre assim.
Acusam os actuais
ambientalistas de não serem realistas por não darem conta da impraticabilidade
das suas teorias e de insensibilidade face aos interesses da humanidade.
Acham-nos tecnófobos e avessos à prosperidade, com a preocupação de atenuar o
que chamam de pegada ecológica. Os conservacionistas estarão irremediavelmente
fixados numa visão do Século XIX, de ambiente selvagem virgem, não maculado
pelo homem. Consumidos por nostalgia, não captaram a influência ecológica
histórica da humanidade. E não podem prometer o regresso do ambiente pré-humano
original. As "origens"—lugares sem marca de intervenção humana—nunca
terão existido. Pelo menos, nos últimos milénios; eventualmente mais,
acrescentam.
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Esta é a súmula, muito
comprimida, de excelente artigo de Brandon Kleim, jornalista especializado em ciência, natureza
e tecnologia, publicado no "AEON Magazine". Pode ser lido aqui.
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