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Quantas
vezes já viu as estrelas? Seguramente
muitas, especialmente desde que o XIX Governo Constitucional tomou posse; mas
também quando se esquece do Governo e olha para o céu à noite. E quantas
estrelas vê nessas noites de esquecimento do Pedrito e do Paulinho? Dez
milhões? Um milhão? Meio milhão? Mil? Não sabe? Não me diga que nunca contou as
estrelas!
Há por aí campanhas
publicitárias, canções e peças
literárias—em prosa e verso—que falam de um milhão de estrelas para aqui, um
milhão de estrelas para ali e por aí fora. Mas lamento lembrar-lhe que os publicitários são uns exagerados e os
literatos também. Na área do seu horizonte visual podem estar muito mais que um
milhão estrelas mas, numa noite escura, sem
Lua e sem poluição de fontes artificiais de luz, na melhor das hipóteses uma
pessoa com boa acuidade visual pode ver entre 2.000 e 2.500 estrelas. E não
vale a pena perder o seu precioso tempo a contar porque é verdade; a menos que
a noite coincida com a data em que recebeu o aviso para pagar o IRS. Esse caso
é excepção porque a noite está sob influência do buraco negro MF2014, também conhecido
por Ministério das Finanças, e o número de estrelas que cada português vê é
elevado à décima quinta potência.
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