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Ontem houve inundações em Lisboa, inundações que afectaram muita gente, eu incuído. A água caía do céu a cântaros, passava pelas sarjetas como cão por vinha vindimada e arrastava pessoas, lixo, caixotes, automóveis até. Costa não teve possibilidade de se ocupar do problema, ocupado que está com outro problema mais importante—está desculpado.
Soube-se hoje que a culpa foi do agora pindericamente chamado Instituto do Mar e da Atmosfera porque não avisou a Câmara Municipal há dois meses que ontem ia chover tanto depois do almoço. Sendo assim, a edilidade não pôde limpar e desentupir bueiros e sumidouros em 10 segundos, está bom de ver.
Está tudo dentro do expectável: já estamos habituados e não tem importância nenhuma—estejam à vontade. Aliás, os residentes em Lisboa têm quem olhe pelos seus interesses: o Zé que faz (ou fazia) falta. Desde o Paleolítico Superior que o Zé é o recordista inultrapassável de processos judiciais contra a Câmara Municipal sempre que esta não acautela os interesses do povão da capital. Por isso, já saboreamos todos o amargo de boca que os edis vão ter quando o Zé os processar e forem obrigados a indemnizar proprietários de automóveis, lojistas, habitantes de caves e sub-caves, parques de automóveis e por aí fora. Por mim, só peço umas botas novas—se possível umas galochas—e um fatinho à medida porque o que usava ontem encolheu.
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