Pormenor da "Neve dos Loucos", em exibição no Louvre
Spinoza dizia que o cão é o animal que ladra e o homem a
besta que pensa. Parece agora a muitos estudiosos da mente do H. sapiens que Spinoza era
um nadinha optimista. Temos, segundo parece, circuitos mentais com enorme
tendência para a asneira. Hugo Mercier e Dan Sperber, autores do livro "Why
Do Humans Reason?", acham que as nossas faculdades mentais evoluíram não
para chegar à verdade mas para ganhar discussões, disputas e coisa do tipo Benfica vs Sporting. O
nosso cérebro será uma mistura de vieses cognitivos e medos—a que alguns chamam o pecado original cientificizado.
Estudos recentes apontam preocupantemente nesse sentido.
Podia dar muitos exemplos, mas vou apenas usar um, adaptado do artigo de onde
tirei estas ideias—que digo no fim qual foi. Imagine este perfil de mulher:
Maria é solteira, tem
31 anos, personalidade forte e é brilhante. É licenciada em Filosofia. Como
estudante, preocupou-se com problemas de discriminação e justiça social e participou
em manifestações contra a energia nuclear.
A pergunta é—qual das seguintes afirmações tem mais
probabilidade de ser verdadeira:
1. Maria
é funcionária bancária.
2. Maria é funcionária bancária e activista de um movimento
feminista.
Embora pareça estranho, quase todos dizemos que é a 2.—uma
bacoquice. Matematicamente, está na cara que a 1. é muito menos exigente e tem
muito mais probabilidade de ser verdadeira; enquanto a 2.—mais exigente—corre
sério risco de falhar. É o viés mental, criado pela experiência de muitas Marias
intelectuais e activistas—feministas, pró-aborto, pró-casamento gay e rebabá—que
nos faz meter a pata na poça.
A nossa vida intelectual é toda isto, seja relativamente
à Maria funcionária bancária, ao aquecimento global antropogénico, ao
socialismo, ao liberalismo, ao Tozé, ao Costa do Castelo, à Maria de Lurdes Rodrigues, ao Ricardo
Salgado, ou ao Miguel Sousa Tavares que não se contém a defendê-lo.
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