sexta-feira, 3 de março de 2017

BITAITES TAUTOLÓGICOS

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Se fosse possível meter uma colher de chá na massa de um buraco negro e tirar de lá um bocado, essa colher conteria em si um pequeno fragmento com mais massa que todo o Monte Evereste. Exagero? Não!...
A maior parte do volume ocupado por qualquer corpo é espaço vazio — assim como uma armação esférica de arame que ocupa imenso espaço e tem muito pouco material, ou massa (os termos são toscos, mas servem para passar a ideia).
Se olharmos para o esquema de um átomo de carbono, vemos que tem no núcleo 6 protões (com carga eléctrica positiva) e seis neutrões (sem carga eléctrica)  na figura, vermelhos e brancos, respectivamente ; e que à volta desse núcleo gravitam 6 electrões (com carga eléctrica negativa). Tudo visto e respigado, a massa das 18 partículas referidas é mínima, se a compararmos com o volume que a estrutura atómica ocupa.
Agora transfiramos esta visão para um corpo volumoso como, por exemplo, o do nosso Primeiro-Ministro. Se eliminarmos o espaço entre os protões, neutrões e electrões dos átomos das suas molécula — orgânicas e inorgânicas — e os juntarmos todos numa geringonça mais coesa que a "geringonça" propriamente dita,  o espaço que passa a ocupar  será claramente "poucochinho" — seguramente (advérbio curioso no exemplo vertente!), menor que a cabeça de um alfinete.
Em  resumo, o aspecto do nosso mundo é só fumaça, como diria o Almirante Pinheiro de Azevedo. Pode então dizer-se que somos quase ocos? Claro que sim. O que não é oco é o material que origina os buracos negros.
O parto de um buraco negro começa quando o combustível de uma estrela muito grande — mais do que três vezes o Sol — chega ao fim. Esse combustível é o hidrogénio, transformado no núcleo da estrela em hélio, por fusão nuclear — o mesmo que se passa com a bomba de hidrogénio ao ser detonada, mas a bomba de hidrogénio é um brinquedo de crianças quando comparada com o Sol. Neste, 600 milhões de toneladas de hidrogénio são convertidas em 596 milhões de toneladas de hélio por segundo. A diferença de 4 milhões de toneladas é convertida directamente em energia, segundo a famosa equação de Einstein E=mc2 — a energia produzida pela fusão é igual à diferença da massa (em quilos) a multiplicar pelo quadrado da velocidade da luz ( 4.000.000.000  X  300.0002).
Quando o hidrogénio acaba, e porque não há estações de serviço para estrelas no espaço sideral, a fusão acaba. E sem o efeito expansivo da fusão nuclear, a estrela colapsa em direcção ao centro, ou núcleo — "mirra", "murcha", ou "fica chocha", e o volume diminui imenso. A sua massa fica quase toda contida num volume mínimo. Tal massa tem uma força de gravidade que só visto: tudo que passa próximo é atraído e incorporado na massa — pior, muito pior, que a Autoridade Tributária e Aduaneira! Até a luz, que é uma entidade imaterial, é atraída e não sai mais de lá. Daí o nome de buraco negro porque não se vê, mesmo que fosse profusamente iluminado: a luz entra na sua esfera de acção — "horizonte de eventos" — mas não sai.
Pelo exposto, percebe-se porque "uma colher de chá de buraco negro" tem tanta ou mais massa que o Monte Evereste. A pena é que não possamos usar "tecnologia de buraco negro" para armazenar e guardar coisas em casa. Já viram o que seria, à noite, guardar o automóvel na mesa de cabeceira? Ou, no Verão, meter os cobertores numa caixa de fósforos?  Baril!
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