(O último foi em 10-03-2017)
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18-03-2017
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A respeito de mais um número palíndromo, vamos falar de números e infinitos!
O conceito de infinito é o daquilo que
não tem fim, ilimitado, inconcebível, imensurável, rebabá... Desde que o homem é
homem, tem a humanidade —filósofos, primeiro, matemáticos depois — reflectido
sobre o infinito.
Talvez o primeiro grande avanço no
conceito de infinito se deva a Aristóteles. Foi no Século IV AC. Segundo Aristóteles,
haveria dois tipos de infinito: o que tem localização no tempo e o independente
do tempo.
Como exemplo do primeiro, refira-se, por
exemplo, um corpo material qualquer — um prédio, um estádio do Benfica, uma
ponte, uma montanha, blá, blá blá... — com volume e peso ilimitado, imensurável,
inconcebível e "localizado" numa época. Não há disso, nem teoricamente, se exceptuarmos o estádio do Benfica!
Do segundo, o exemplo clássico é o do
tique-taque do relógio, símbolo da passagem do tempo; mas existem mais: por exemplo, a série de números naturais 1, 2, 3,
... e por aí fora.
Chegados aqui — e era aqui que queria
chegar — pergunta-se: há "infinitos" maiores que outros? A pergunta
parece parva e eu nem sequer a faria se não tivesse havido outros pacóvios, um
nadinha menos pacóvios que eu, como Bertrand Russel, a fazê-la antes de mim. Dir-me-ão:
então, se infinito é imensurável, como se comparam infinitos que não medimos
com fita métrica, relógio, transferidor, balança ou "a olho"? Perguntam
e perguntam bem!
Mas vamos com calma. Para comparar coisas
é preciso contá-las, medi-las, pesá-las, blá, blá, blá? Não é. Se numa enorme mesa
de banquete estiverem sentados e sentadas alternadamente muitos homens e mulheres, não preciso contar uns e
outros para dizer que o número de mulheres é igual ao número de homens. Ou que
o número de gémeos que nasceram primeiro desde que há gémeos é igual ao número
de gémeos que nasceram em segundo lugar. Aí está: não preciso sempre de avaliar
ou medir para comparar factos ou coisas. É assim também com infinitos? Tenho
dúvidas, o que não admira — há gente inteligente que também as tem.
Existiu um tal de George Cantor —
matemático alemão — que em 1883 criou uma teoria matemática do infinito, teoria
que demonstrava haver infinitos maiores e outros menores; que há ferramentas
para medir a dimensão dos infinitos; e que se podem fazer contas com essas
medidas. Deviam ser assim feitas as contas que Sócrates de Vilar de Maçada usava
nos orçamentos do Estado.
Não vou entrar em pormenores sobre a teoria
de Cantor (nome engraçado!) — até porque "meto água", de certeza —, mas
apenas referir um exemplo para dar uma pálida ideia da ideia de Cantor. Então,
é assim: imagine o leitor (se chegou até aqui) a série de números naturais 1, 2, 3, 4,... É um exemplo típico de infinito
puro. E agora, imagine outra série só de números pares 2, 4, 6, 8,... É outro
exemplo típico de infinito puro. Agora eu pergunto: qual dos infinitos é maior?
Naturalmente, acha que são iguais porque não têm fim — nem um nem o outro.
Mas repare numa coisa: o primeiro infinito,
dos números naturais, tem muito mais elementos que o outro, dos números pares.
Como é que não se consegue fazer uma coisa maior tendo muito mais material?
Dir-me-á que o primeiro não tem mais elementos; e eu digo que tem: tem o 1, o
3, o 5, o 7, rebabá.
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