sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

COMO PODERIAM OS COMUNISTAS PERDOAR ?


[...] Belmiro de Azevedo [...] foi um empresário da democracia, um cidadão que fez a sua fortuna neste regime, depois do condicionamento industrial de Salazar e das nacionalizações de Vasco Gonçalves. Belmiro de Azevedo apostou num país em que o capital e a confiança haviam sido destruídos pela última revolução socialista na Europa. A adesão à CEE prometia corrigir isso. Mas sem empresários como Belmiro de Azevedo e todos os trabalhadores a quem eles inspiraram, a integração europeia teria sido meramente burocrática. Entre outras coisas, Belmiro de Azevedo desenvolveu em Portugal uma das mais sofisticadas redes de retalho da Europa, criando milhares de empregos e animando bairros e localidades pelo país fora. Foram homens como ele que ajudaram a dar à europeização de Portugal um sentido de transformação social irreversível, associado à escolha e ao consumo, mas também ao mérito, ao esforço e à inovação. Um mundo muito diferente do mundo de prateleiras vazias e marchas da Praça Vermelha que os antecessores de Jerónimo de Sousa e de Catarina Martins no PCP, na UDP e na LCI teriam imposto aos portugueses se tivessem vencido em 1975. Sim, Belmiro de Azevedo foi, enquanto empresário, um dos agentes da democratização social e económica de Portugal. Como poderiam os comunistas perdoar-lhe? [...]
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Rui Ramos in "Observador"
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