DOS PAPIROS DE OXIRRINCO AO SMARTPHONE

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A imagem que se vê em cima ― fixe-a bem e já explicarei porquê ― é de um caderno de apontamentos, por exemplo, de um engenheiro de qualquer ramo. Não o choca, pois não? A mim, também não choca, embora perceba nada do que lá está. Mas garanto-lhe que daqui a menos de 10 anos, para um jovem de 20 anos, a imagem não será diferente do que é hoje um papiro egípcio para mim.
São contas e cálculos escarrapachados em montes de papel. Tudo que está ali plasmado, e muito mais, cabe numa modesta pen comprada no quiosque da esquina que já não venderá maços de cigarros nessa época. 

Quer dizer isso que os engenheiros já não farão contas? É mesmo isso, ou anda lá perto. Gene Tracy, professor de Física numa universidade da Virgínia, escreve o seguinte: Em 2018, a revista Science perguntou a uma dezena de cientistas jovens o que deviam as universidades ensinar nas próximas gerações. Muitos disseram que era necessário reduzir o tempo dedicado a memorizar factos e dar mais espaço a fins criativos. Com a Internet a crescer continuamente e, se os estudantes conseguem aceder ao conhecimento mundial através de um smartphone, para quê ocupar muito espaço no cérebro com esse saber? É preferível usar essa função na criação, seja ela científica, ou artística, metafísica, filosófica, rebabá. 

Todos aprendemos a calcular a raiz quadrada de um número com papel e lápis. A maioria de nós continua a saber o que é a raiz quadrada, mas já não a sabe calcular com lápis e papel ― e daí? É muito possível que tenhamos no bolso das calças um telefone que faz isso num instante, mais depressa que Einstein.
Não se defende o analfabetismo, ou a ignorância, está bom de ver; mas naquilo que ao conhecimento interessa é preciso perceber que há noções de que se carece apenas no início da formação e podem depois ser esquecidas. Quantos dos leitores sabe ainda calcular a raiz quadrada de 106.276? ― É 326, diz o Google, com cerca de 27.500 resultados em 0,35 segundos!... É OBRA!!!...

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