domingo, 14 de abril de 2019

FAZ QUE CAI MAS NÃO CAI

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[…] Desprovida de projecto, a direita é avaliada não pelo que diz mas sim pela intencionalidade das suas palavras, mesmo quando elas parecem acertadas. Por exemplo, quem senão uma direita ressabiada para chamar a atenção para o que aconteceu no baptismo do navio de cruzeiro construído nos estaleiros West Sea? O sucedido conta-se em poucas palavras e para o caso as do JN e da Lusa são eloquentes: “Uma cerimónia com passadeira vermelha onde desfilaram o primeiro-ministro e um extenso rol de figuras do jet-set nacional marcou, este sábado, o baptismo, nos estaleiros de Viana do Castelo, do primeiro navio de cruzeiro construído em Portugal. (…) O primeiro-ministro disse hoje que os estaleiros da WestSea, em Viana do Castelo, são “uma referência da capacidade de renovação da indústria naval do país”, apontando como exemplo o primeiro navio oceânico “integralmente concebido e fabricado em Portugal.”
Acontece, e agora é que entra o ressabiamento, que estes estaleiros, agora designados West Sea, tão expressivamente elogiados pelo primeiro-ministro são os mesmos cuja privatização o PS combatia em 2013 e, pasme-se, continua a combater em 2019. Porque enquanto o primeiro-ministro veste de gala para desfilar na passadeira vermelha em Viana, o grupo parlamentar do PS, em Lisboa, não só vota contra o voto de congratulação apresentado pelo PSD aos “trabalhadores, gestores e sociedade civil” de Viana do Castelo pela “viabilização dos estaleiros materializada num conjunto de entregas civis e militares“, como continua a dizer-se contra “a forma como o anterior Governo procedeu à liquidação dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e deitou para o lixo mais de 450 milhões de euros dos contribuintes portugueses”.
[…]
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Helena Matos in "Observador"
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Afinal, em que ficamos?
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