Já ouviu falar de alimentos geneticamente modificados?
Seguramente—não ouve falar de outra coisa nos últimos tempos. São uma invenção
recente e horrível, não são? Sendo assim, vou contar-lhe algumas histórias.
A primeira é a da melancia sem pevides. Não conhecia? É
muito popular porque se torna mais cómodo comê-la sem aquela chatice das
pevides. E é fácil de produzir! Junta-se colchicina às sementes, medicamento
que impede a divisão celular, e as melancias vêm-se incapazes de produzir
pevides, que são as suas sementes. Há só o pormenor da colchicina ter efeitos
tóxicos terríveis e ninguém saber quanta está a ingerir com a melancia.
Depois, temos a da massa italiana para fazer a
pasta. Um terço da massa usada é a Creso, resultante do
cruzamento de duas espécies criadas com exposição a neutrões e raios X para
induzir mutações. As colheitas rendem muito e o produto final é muito saboroso!
Da cevada Golden Promise—belo nome!—já sabe:
é das melhores para fazer cerveja, especialmente aquela de que gosta muito e de
que não posso agora dizer o nome para não fazer publicidade. Pois nasceu a dita Golden Promise depois da mãe ter sido sumariamente passada pelos
raios gama. Tal e qual. Sem radiação gama, a cerveja não presta, prontus.
O botânico suíço Klaus Ammann estima que das farinhas
usadas no fabrico das centenas de
variedades de pão existentes no mundo, cerca de 200 são obtidas com a ajuda de
raios X, raios gama, neutrões, ou compostos químicos os mais variados.
Algumas alfaces bonitas de se verem—e gostosas!—são assim
em resultado do uso de etil-metano-sulfonato de qualquer coisa, coisa pior que
o Deus me livre. Os cultivadores têm de usar fatos como os dos peritos das
Nações Unidas que foram à Síria inspeccionar o armamento químico, antes de entrar
nas estufas.
De acordo com a Base de Dados das Variantes Mutantes,
disponível na Internet (Mutant Variety Database), mais de 2.000 variedades de culturas mutantes—no mercado—foram obtidas
por irradiação e uso de produtos
químicos tóxicos.
Já tinha ouvido falar disto? Provavelmente. Mas olhe que
se fala pouco. A pergunta é: alguma destas espécies geneticamente modificadas é
menos geneticamente modificada que o arroz dourado? Talvez não. Então, porquê
a sanha contra o arroz que pode salvar milhões da cegueira e da morte? Who knows?
.
Sem comentários:
Enviar um comentário