domingo, 16 de março de 2014

ERRARE HUMANUM EST, PERSEVERARE DIABOLICUM

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 A asneira é a mãe de todo o saber. Aprende-se tanto com a asneira como com o acertado—talvez mais porque é mais comum asnear que acertar. A asneira não é coisa para desdenhar, mas antes para cultivar, acarinhar e aprender com ela. Na ciência, a hipótese errada ensina tanto como a hipótese correcta. O empreendedorismo de sucesso é fruto da experiência do insucesso. Um famoso cirurgião americano dizia que a sua enorme perícia e seus inúmeros êxitos clínicos assentavam num monte de cadáveres. O grande artista ensaia montes de lixo, antes de criar o que o torna imortal. O mesmo para o engenheiro, o desportista, o arquitecto, o piloto, rebabá.
A ascensão do Ocidente é em grande parte fruto da tolerância para a asneira, o erro, a jericada. Imigrantes falhados, oriundos de países onde a asneira é perseguida, conhecem o êxito em terras de acolhimento asno-tolerantes. Uma das virtudes da ciência, talvez uma das principais promotoras do seu sucesso, foi a admissão da burrice no método científico.
Um dos meios de provar a validade  de uma teoria, de uma doutrina, de uma técnica, é "espremê-la" até ela falhar. É a filosofia do teste do algodão.  Quase tudo falha, se bem espremido. O valor da teoria, da doutrina, da técnica, mede-se pela resistência à prova da asneira.
Do que me queixo—e aqui queria chegar—é que o XVIII Governo Constitucional não resiste ao sopro de uma brisa estival—é asneira em cima de asneira, até sem brisa nenhuma. Tanto também não! Abstenham-se de tomar tanto à letra os panegíricos da cavalada e usem mais a borracha.
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