terça-feira, 18 de março de 2014

REFLEXÕES SOBRE O INFERNO

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Ross Andersen é um dos editores do "Aeon Magazine" e escreve sobre matéria científica e Filosofia em várias publicações, incluindo o "The Economist". No site da BBC, tem uma peça intitulada "Inferno na Terra" que começa assim:

Mesmo nos meus momento mais religiosos, nunca tomei a ideia do Inferno muito a sério.  A actual teologia Cristã pede-nos para acreditar que um ser todo poderoso fará o que nenhum pai humano faria: criar dezenas de milhares de milhões de frágeis criaturas, colocar algumas em ambiente de amor transcendente e mandar as outras para uma eternidade de tormento insuportável.. Tal versão sempre me pareceu uma relíquia intelectual, uma sobrevivência da barbárie, ou pior, o mito para impor uma crença. [...]

Não comento o trecho de Andersen, mas cito-o porque serve de introdução a uma entrevista com Rebecca Roache, filósofa e académica da Universidade de Oxford, que se tem debruçado sobre as penas judiciais—na componente castigo—e sobre o que pode mudar nessas penas com as novas tecnologias. 
Diz a páginas tantas que há muitos prisioneiros idosos, condenados a penas perpétuas, a utilizar recursos avançados de manutenção de vida, por exemplo pacemakers sofisticados, além de terapêuticas complexas para tratar doenças graves. E avança depois a seguinte questão: se o avanço tecnológico conseguir algum dia prolongar a vida para durações superiores a centenas de anos, é legítimo manter as penas perpétuas?
Muita gente ilustre da Filosofia tem dúvidas se a identidade da personalidade se mantém tanto tempo, circunstância em que pode um corpo ser habitado por uma sucessão de pessoas e a dado momento estamos a punir a pessoa por um crime cometido por outra. Assim, o quase Inferno neste mundo constituirá circunstância inaceitável. Dá que pensar isto e tem muitas implicações. Quem tiver possibilidade de o fazer, pode—e deve, acho eu—ler a entrevista completa aqui.
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