Noventa por cento das pessoas são dextras, o que significa que há um esquerdino por cada nove dextros. Ou seja, os homens—e as mulheres—são esmagadoramente dextros. Nos animais também há preferência individual pela—e maior acuidade com a—utilização de membros de um dos lados do corpo, mas colectivamente nenhum tem a dominância de um lado como o homem. Os únicos que se aproximam são os grandes símios, as bestas mais próximas dele. A maior parte dos símios, quando executam tarefas que exigem ambas as mãos, utilizam a esquerda como auxiliar e praticam a parte mais delicada do trabalho com a direita.
Ninguém sabe o que
controla a tendência para usar mais um lado que o oposto, mas admite-se que
seja dependente de factores genéticos. É pouco provável que resulte de
mimetismo porque há grandes famílias dextras em que surge esporadicamente um
esquerdino. Só que nunca se identificou onde reside o comando da lateralidade no
genoma.
A ser genético o
condicionamento da lateralidade, termo usado à falta de melhor (os
anglo-saxónicos chamam-lhe handedness), a enorme frequência de dextros
só pode ser resultado da selecção natural. E, aqui chegados, perguntar-se-á
porque diabo é que os dextros venceram os esquerdinos.
Não se enxerga razão
nenhuma, o que não significa que não haja. Basta ver o futebol, e mais
claramente o ténis, para constatar que há jogadores esquerdinos privilegiados.
E não é só no desporto—Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Beethoven, Benjamin
Franklin, Newton, Einstein e Charlie Chaplin eram canhotos. Porquê, então, iria
a selecção natural preferir os dextros?
A dominância da direita é
um facto; mas venha alguém que saiba explicar porquê.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário