É claro que todos estão a pensar o mesmo: a liberdade
de expressão, como todas as liberdades, tem limites; e, assim sendo, a
desinformação deve ser contida.
Para isso, temos dois caminhos—talvez mais, mas não tenho
a certeza—de conter a desinformação: antes ou
depois de ser divulgada.
A via preventiva, actuando antes de ser
publicamente expressa, configura censura. A China ainda hoje assim procede,
alegando ser o meio mais eficaz de evitar a calúnia, a mentira, o insulto, o
prejuízo injusto, a agressão imerecida. É clássica nas ditaduras, particularmente
nos regimes comunistas. Naturalmente, serve para calar vozes incómodas por quem
tem o poder de decidir o que é informação e desinformação.
A acção de contenção depois do facto consumado, é
aparentemente menos propícia à arbitrariedade, mas implica o ónus da reacção de
quem é vítima, podendo a vítima ser um indivíduo ou indivíduos concretos, mas
também entidade dificilmente capaz de reagir, como uma crença religiosa,
uma teoria filosófica, ou uma categoria profissional atacada abstractamente, o
que inviabiliza quase sempre a contestação pública. E mesmo quando esta se
verifica, é mais que provável que não tenha qualquer efeito corrector.
Aqui chegados, conclui-se que o melhor é não ser vítima
da desinformação, situação que não está nas mãos de ninguém controlar. O melhor,
em boa verdade, é ter sorte, mas não deixa de ser inquietante que seja assim.
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