quarta-feira, 20 de maio de 2015

SER OU NÃO SER JAVARDO

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É melhor ser temido que amado.
Maquiavel
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Há perguntas complicadas. Por exemplo: Há vida extra-terrestre? O que é genético e o que é cultural no homem? Qual a razão porque os Estados Unidos nunca tiveram uma equipa de futebol decente? Ninguém sabe ao certo, embora haja bitaites, como acontece sempre que se ignora qualquer coisa—são as teorias... Querem outra muito boa? Aqui vai: É melhor ser um tipo delicado, modesto e decente, ou ser um javardo?
Não esboce esse sorriso, por favor. A matéria tem mais importância do que parece: Steve Jobs era um javardo, percebeu? O general Patton era outro javardo, daqueles que sorriem com desdém de todos, que "mantêm os outros na linha", que não deixam falar mais ninguém, que aterrorizam o próximo, que interrompem, que comem definitivamente o último bolo  sem sequer olhar para o lado, ou sem hesitar em dar um encontrão no cabrão que se quer antecipar.
Houve tempo, antes do Homo sapiens, que era necessário ser javardo, único modo de sobreviver—o bocado estava sempre guardado para o mais forte, o javardo. Essa coisa da glória aos vencedores e honra aos vencidos era conversa de encher chouriços. Com o nosso parente mais próximo—o chimpanzé—ainda é assim: não tomes cuidado que já te pifo a banana e levas uma tapona se começas a chatear; mais nada! O vencedor fica com a glória e caga na honra do vencido.
Com o passo evolutivo seguinte, do chimpanzé para o homem—passo não muito grande, acrescente-se—surgiu outro valor: o prestígio. O prestígio não é fruto directo da força bruta, antes dos neurónios concentrados na caixa craniana. Um pequeno homem-macaco capaz de descobrir eficientemente comida ou abrigo, fazer fogo, ou caçar animais velozes como a gazela, valia muito mais que um brutamontes cheio de músculo acéfalo.
Passaram já quase 200 mil anos desde que nasceu o Homo sapiens. É natural que a javardice ainda continue a co-existir nele com a perícia. Provavelmente, por razões decorrentes do papel do fitness na evolução por selecção natural, tem mesmo que co-existir. Mas, Senhor, porquê tanto músculo acéfalo ainda? Percebo que Patton deu jeito para derrubar Hitler—para um javardo, um javardo e meio, sem dúvida. Mas não começa a ser tempo de dar uma poda na javardice?
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(Este texto é baseado no artigo publicado no "The Atlantic", intitulado  Why It Pays To Be a Jerk)
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