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Wolfgang Schäuble—o alemão da cadeirinha de rodas, de indicador hirto em flexão anquilosada, com humor de vesícula biliar em dia de discinesia colestática e de notórios bons modos, especialmente quando em amena cavaqueira com Eanes Viroufacas—admitiu hoje ser boa ideia a Grécia arranjar uma moeda paralela ao euro, para uso interno, tal como o óleo de rícino, por exemplo.
Schäuble não adiantou pormenores, mas falou do Montenegro onde circula o euro e outro dinheiro macaco do género do escudo com que se compravam os bibi em Timor há 50 anos quando tive a honra de lá servir (militar não trabalhou, não residiu, não esteve: militar serviu).
Para ser franco, e sem simpatizar muito com o Wolf—como o trato quando bebemos umas canecas na biergarten da Augustiner Keller, em Munique—a ideia parece-me aproveitável. Desde logo porque é muito mais prática do que essa do escâmbio, de ir meter gasolina e pagar com dois frangos e um quilo de cenouras, ou dois chapéus e um cachecol Burberry em bom estado. Depois porque na Helénica Mátria a casa da moeda nem vai precisar de emitir metal ou papel—basta que legalize toda a contrafação que por lá há. De um dia para o outro, a liquidez do País vai deitar por fora. E—nunca se sabe!—quem nos diz que um dia o FMI também não leva com algum cash contrafeito e cala?
Já se falou de usar notas do "Monopólio", também com versões em grego, antigo e moderno, mas a ideia é mais trabalhosa porque implica autenticação das notas pela autoridade fiduciária. Com os euros "marados" é muito mais simples e expedito: até o Banco Central pode pôr a circular muitos, de um dia para o outro, quase sem custos.
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