.
.
Quando o Syriza ganhou o referendo na Grécia, os
otários festejaram por aí: finalmente, o governo de Alexis Tsipras fazia um
manguito à ‘austeridade’ com uma vigorosa lição democrática. No dia seguinte, o
governo do manguito esticava o braço e já andava a pedir esmolas aos credores,
aceitando a ‘austeridade’ toda. Os otários mudaram de ‘narrativa’. A
capitulação da Grécia e a traição ao seu povo era culpa dos alemães, que
pressionaram o imaculado governo Tsipras a engolir todos os sapos sob ameaça de
uma saída do euro. Sabemos agora que, afinal, Tsipras andou a preparar nos
bastidores essa saída do euro e um regresso ao dracma, com o apoio de Moscovo.
Sem sucesso. Os otários portugueses, se tivessem vergonha na cara, recolhiam-se
em meditação e não abriam o bico tão cedo sobre a ‘austeridade’ ou ‘os nazis’
dos alemães. Mas, por outro lado, se eles tivessem vergonha, dificilmente
seriam os otários que são.
João Pereira Coutinho in "Correio da Manhã"
.
Sem comentários:
Enviar um comentário