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(Nesta fotografia, todos riem e só um chora)
Do blog
"Delito de Opinião" transcreve-se a seguir—com a devida vénia—um
texto de Luís Menezes Leitão publicado ontem com o título "O Sarilho do
PS":
Há uma coisa que
sempre admirei em António Costa: a sua enorme capacidade para ter boa imprensa.
Era praticamente impossível algum líder do PS arranjar semelhante sarilho com
as listas de deputados do seu partido, e com o seu candidato presidencial, e contar
com um silêncio total na comunicação social. Imagine-se o que não se diria de
António José Seguro se tivesse provocado uma confusão semelhante num partido
que deveria estar totalmente unido nas vésperas do combate eleitoral mais
importante dos próximos anos.
Os critérios de
António Costa para compor as listas do seu partido são elucidativos. Diz que
fez uma "renovação geracional", mas a mesma passa por chamar antigos líderes da JS, que obviamente hoje nada têm de jovens. Apresenta, no
entanto, alguns professores universitários, cuja experiência política é
absolutamente nenhuma, e dos quais nada se espera no parlamento, mas que
servirão para dar uma imagem mais técnica a um partido cujas propostas
políticas parecem muito pouco ponderadas. Mas o essencial é ajustar contas
internas. Os seguristas sofreram uma razia total de
tal forma que nem a Presidente das Mulheres Socialistas consta das listas, o
que já a levou a apresentar a sua demissão do cargo.
Também António Galamba foi corrido das listas, o que o levou a escrever este artigo arrasador para António Costa.
Mas se António
Costa procurou ajustar contas com os apoiantes de Seguro, curiosamente também não poupou os seus próprios apoiantes, os socráticos, que foram o seu principal esteio para derrubar
Seguro. Tenho vindo a defender que o derrube de Seguro foi uma estratégia
conjunta de José Sócrates e António Costa, uma vez que o primeiro queria ser
candidato presidencial, o que Seguro nunca permitiria. Mas mal Sócrates foi
preso, nas vésperas do congresso que o deveria entronizar como candidato
presidencial, Costa largou-o e agora pretende criar uma espécie de "chinese wall" em
torno dos seus apoiantes. E chega ao ponto de criticar o governo de Sócrates, esquecendo-se
de que era o número 2 desse governo e que a recuperação do passado de Sócrates
foi um dos pontos essenciais da sua candidatura à liderança.
A demonstração da
confusão com que Costa encara as listas é também exemplificada no
episódio Maria do Rosário Gama. Costa tem propostas eleitorais completamente
absurdas, como delapidar 10% do Fundo de Estabilização da Segurança
Social e baixar a TSU. Compreendendo que tal arrasaria definitivamente a
Segurança Social, Maria do Rosário Gama opôs-se a essas propostas. Logo a seguir António Costa indicou-a, porém, publicamente como candidata a deputada, o que esta compreensivelmente rejeitou. Na verdade, passa
pela cabeça de alguém com o mínimo de bom senso indicar como deputado
quem não se revê no programa eleitoral do partido?
O outro ponto em
que António Costa insiste num desastre total é o seu apoio a Sampaio da Nóvoa.
Maria de Belém ainda não anunciou qualquer candidatura e já está nas sondagens
à frente desse candidato que, mesmo que dê trinta vezes a volta a
Portugal, não tem a mínima hipótese de ser eleito. Mas Maria de Belém foi presidente
do PS nos tempos de Seguro, o que justifica que Costa continue a preferir Nóvoa , apenas para
tapar o caminho à ala segurista do PS.
Está à vista
que a única coisa que Costa conseguiu ao derrubar Seguro foi arranjar
ao PS um sarilho monumental. Como já se está a ver e irá ver-se
seguramente nas próximas eleições.
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