domingo, 19 de julho de 2015

UM NÓVOA NO CURRÍCULO

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O título deste post é o título da terceira parte da crónica de Alberto Gonçalves no "Diário de Notícias" de hoje " e diz respeito ao general Ramalho Eanes. Começo por esclarecer que Eanes é uma das poucas figuras do pós 25 barra quatro que me merece respeito pela sua coragem e integridade—é um homem sério (coisa rara), a quem devemos, juntamente com Jaime Neves, o facto de não sermos hoje uma "Venezuela" na Europa. Do ponto de vista intelectual, a natureza não foi muito generosa com ele; mas há pior e ainda por cima acumulando com alarvice.
Escreve assim Alberto Gonçalves:

Para quem passou boa parte de dois mandatos presidenciais a congeminar projectos de poder pessoal, a longa reforma de Ramalho Eanes tem sido de uma discrição extraordinária. Por isso é mais lamentável vê-lo hoje a tentar o regresso à política de "influência", para cúmulo através da colagem a uma figura do calibre de Sampaio da Nóvoa, que suscita menos entusiasmo do que uma torradeira.
Pior ainda: além de apoiar a candidatura, Eanes passou a falar como o candidato. Já soltou por aí o "tempo de despertar e reabilitar a cidadania", o "amorfismo", a "sociedade civil", a "inspiração criativa", a "igualdade na dignidade" e a "participação sistemática, empenhada e responsável". Se a ideia é produzir lirismos sem tino, os saraus literários e os menus da cozinha contemporânea cumprem perfeitamente a função. Era escusado assistir à descida do herói do 25 de Novembro a tais abismos.
Eanes, porém, não se esqueceu de referir alguém "descomprometido com as elites político-partidárias". Se queria dizer que ninguém está muito disposto a patrocinar o Prof. da Nóvoa, Eanes acertou em cheio.

Alberto Gonçalves é mau, sarcástico e verrinoso, mas damos-lhe o desconto preciso para desfrutar a graça que tem, necessária para prevenir distracções nossas.
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