Conheci o Professor Malaca Casteleiro numa
circunstância profissional que não me "aqueceu" nem
"arrefeceu"; embora a sua simpatia não me deixasse deslumbrado. Tinha
por ele a admiração decorrente de, como Presidente da Academia das Ciências de
Lisboa (ACL), ter levado a bom porto a conclusão do "Dicionário da Língua
Portuguesa Contemporânea" cuja feitura andava aos solavancos desde 1793,
ano em que se completou a letra "A"!!!
Em 1988, quando o Professor Casteleiro era Presidente da ACL, com o apoio da Fundação Gulbenkian e do Ministério da Educação, o projecto ganhou novamente vida e, 12 ou 13 anos depois, a obra era publicada, facto bastante para suscitar a minha admiração por Malaca Casteleiro.
Em 1988, quando o Professor Casteleiro era Presidente da ACL, com o apoio da Fundação Gulbenkian e do Ministério da Educação, o projecto ganhou novamente vida e, 12 ou 13 anos depois, a obra era publicada, facto bastante para suscitar a minha admiração por Malaca Casteleiro.
Infelizmente, o Professor esqueceu-se do princípio de
Peter, de que todos subimos até atingir o nível da incompetência, e o nível de
competência do Professor terminava na coordenação de um dicionário da língua
portuguesa. Imprudentemente, um dia lembrou-se de reformar a ortografia da
Língua Portuguesa, o que lhe permitiria deixar o nome na História. Aí começou o seu e nosso calvário.
A ortografia sempre foi, desde as cavernas da
pré-história, a representação simbólica de palavras, ou —
mais complicado ainda — de ideias. Expressar, através de gatafunhos, ideias
como as de espectador e espetador, ou de
facto e fato, consegue-se empiricamente por tentativas e erros sucessivos,
difíceis de consensualizar, e em que não se deve "mexer" depois de
ter chegado a uma situação de confortável e pacífica estabilidade, mesmo que isso colida com a razão. Não é porque têm a letra "F" que os ingleses deixaram de escrever
"Pharmacy" , "Phase",
ou "Phenobarbital", embora isso deixe o professor Casteleiro
inquieto. O escrever "PH" ou
"F", não tem o mínimo interesse, diga-se em abono da verdade. Só que o "PH" tem a
vantagem de ser uma convenção alicerçada em séculos de uso e isso vale milhões de vezes mais que a opinião do
Professor Casteleiro.
Malaca Casteleiro é um caso de tropismo pró-protagonismo
—
via AO90. Em boa verdade, quer é deixar o nome ligado a uma reforma na cultura
portuguesa. É provável que o consiga.
Infelizmente pela pior das razões.
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