Entre 1990 e 2014, a percentagem de população mundial sub-nutrida caiu de 23% para 13%, um progresso enorme. Em todo o caso, persistem 800 milhões de terráqueos sub-nutridos, sobretudo na África sub-Sariana e no Sul da Ásia.
Não está fácil o problema, especialmente porque a população mundial, que é hoje de 7,5 mil milhões de almas, será, em 2050, à volta de 9,7 mil milhões. Acresce a este aumento o facto de as exigências nutricionais serem cada vez mais elevadas, em consequência da melhoria do padrão de vida.
O aumento da produção alimentar é, por isso, uma emergência para atingir o objectivo Fome Zero. Mas, por muito empenho que se ponha nesse aumento, o resultado não vai chegar. A produção alimentar, no actual estado do conhecimento, tem limites. Mas há margem de manobra ainda assim — é imperativo baixar o desperdício.
De acordo com a FAO, cerca de um terço da comida produzida no mundo para consumo humano e por ano — aproximadamente 1,3 mil milhões de toneladas — perde-se ou estraga-se: 30% da produção de cereais, 20% dos lacticínios, 35% do peixe e marisco, 20% da carne, 20% das oleaginosas e 45% de tubérculos, frutos e outros vegetais!
Ao contrário da alternativa do aumento da produção, há ainda muito a fazer para diminuir a perda e o desperdício com a tecnologia actual. Em todo o mundo, graças a novos protocolos no agronegócio e nas cadeias de frio, implementadas por firmas privadas, pelo sector público e por organizações não-governamentais, o desperdício tem sido muito reduzido. É preciso diminuir a quantidade de fruta que fica nos pomares depois de colhida — ou que não é colhida —, as perdas de bens alimentares no processo de distribuição comercial, no próprio comércio, sobretudo de produtos "imperfeitos" que não são vendidos, na restauração, nas casas de cada um, nos lares, internatos, cantinas e por aí fora.
É deprimente pensar que 800 milhões de pessoas no mundo passam fome e que os seus pares contemporâneos deitam no lixo um terço da comida que produzem.
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