Segundo Frederick Lawton, Balzac trabalhava arduamente. Deitava-se às seis da tarde e dormia até à meia-noite, quando se levantava e escrevia doze horas seguidas encharcado em café.
Ele próprio dizia no “Tratado sobre os Modernos Estimulantes”: O café cai no vosso estômago e imediatamente ocorre a mobilização geral. As ideias põem-se em marcha no campo de batalha, como batalhões do Grande Exército, e as operações iniciam-se. As recordações vêm a galope, o estandarte desfraldado ao vento. A cavalaria ligeira das analogias lança formidável carga, a artilharia da lógica apronta as peças e munições, as lâminas do engenho atacam como atiradores certeiros. Surge o sorriso, o papel é coberto com tinta; a batalha começa e acaba com torrentes de água preta, tal como a batalha com pó.
Na sua longa caminhada, a civilização acabou por seleccionar naturalmente três bebidas não alcoólicas – o chá, o café e o cacau, por ordem de grandeza do consumo. A primeira preparada a partir de folhas, e as outras de grão. Indiscutivelmente, no mundo ocidental o café é mais importante que o chá.
A planta é originária da Abissínia e talvez da Arábia, mas foram os árabes os responsáveis pela sua difusão no mundo. Os mais antigos relatos conhecidos das propriedades do café datam de nove séculos AC, e a primeira cultura feita pelo homem terá sido no Iemen em 575 AC.
A entrada na Europa fez-se a partir de Constantinopla pela mão de comerciantes venezianos, cerca 1580. Prospero Alpini, médico de Pádua, foi o primeiro a editar um tratado com a descrição da planta e da bebida, intitulado “As Plantas do Egipto”; redigido em latim e publicado em 1592 em Veneza.
Quando se tornou conhecido em Roma, o café foi alvo imediato do fanatismo religioso que quase provocou a sua excomunhão pela Cristandade. A argumentação, completamente estúpida, era assim: Maomé proibiu o álcool aos muçulmanos porque o vinho era santificado por Jesus Cristo e usado na Sagrada Comunhão; e então deu-lhes aquela bebida negra do Diabo a que chamavam café. Para os Cristãos, bebê-lo era cair na armadilha de Satanás para almas pias.
Pediram ao Papa Clemente VIII que o proibisse aos fieis. Foi então que o Papa “mandou vir uma bica” para provar a bebida do Diabo; e ficou agradado, dizendo: esta bebida do Diabo é deliciosa e seria uma pena deixá-la só para os infieis – vamos correr com Satanás, baptizando-a e fazendo dela uma bebida verdadeiramente Cristã.
Hoje pode dizer-se que o café é responsável por metade da energia que o homem dispende nas mais variadas actividades: laborais, culturais, desportivas, lúdicas e sei lá que mais. É o que os anglo-saxónicos chamam um muscle-fuel, a que se pode acrescentar psyche-fuel e humour-fuel. O mundo podia viver sem café, sim senhor; mas perdia metade do encanto.
Ele próprio dizia no “Tratado sobre os Modernos Estimulantes”: O café cai no vosso estômago e imediatamente ocorre a mobilização geral. As ideias põem-se em marcha no campo de batalha, como batalhões do Grande Exército, e as operações iniciam-se. As recordações vêm a galope, o estandarte desfraldado ao vento. A cavalaria ligeira das analogias lança formidável carga, a artilharia da lógica apronta as peças e munições, as lâminas do engenho atacam como atiradores certeiros. Surge o sorriso, o papel é coberto com tinta; a batalha começa e acaba com torrentes de água preta, tal como a batalha com pó.
Na sua longa caminhada, a civilização acabou por seleccionar naturalmente três bebidas não alcoólicas – o chá, o café e o cacau, por ordem de grandeza do consumo. A primeira preparada a partir de folhas, e as outras de grão. Indiscutivelmente, no mundo ocidental o café é mais importante que o chá.
A planta é originária da Abissínia e talvez da Arábia, mas foram os árabes os responsáveis pela sua difusão no mundo. Os mais antigos relatos conhecidos das propriedades do café datam de nove séculos AC, e a primeira cultura feita pelo homem terá sido no Iemen em 575 AC.
A entrada na Europa fez-se a partir de Constantinopla pela mão de comerciantes venezianos, cerca 1580. Prospero Alpini, médico de Pádua, foi o primeiro a editar um tratado com a descrição da planta e da bebida, intitulado “As Plantas do Egipto”; redigido em latim e publicado em 1592 em Veneza.
Quando se tornou conhecido em Roma, o café foi alvo imediato do fanatismo religioso que quase provocou a sua excomunhão pela Cristandade. A argumentação, completamente estúpida, era assim: Maomé proibiu o álcool aos muçulmanos porque o vinho era santificado por Jesus Cristo e usado na Sagrada Comunhão; e então deu-lhes aquela bebida negra do Diabo a que chamavam café. Para os Cristãos, bebê-lo era cair na armadilha de Satanás para almas pias.
Pediram ao Papa Clemente VIII que o proibisse aos fieis. Foi então que o Papa “mandou vir uma bica” para provar a bebida do Diabo; e ficou agradado, dizendo: esta bebida do Diabo é deliciosa e seria uma pena deixá-la só para os infieis – vamos correr com Satanás, baptizando-a e fazendo dela uma bebida verdadeiramente Cristã.
Hoje pode dizer-se que o café é responsável por metade da energia que o homem dispende nas mais variadas actividades: laborais, culturais, desportivas, lúdicas e sei lá que mais. É o que os anglo-saxónicos chamam um muscle-fuel, a que se pode acrescentar psyche-fuel e humour-fuel. O mundo podia viver sem café, sim senhor; mas perdia metade do encanto.
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