terça-feira, 1 de junho de 2010

SOARES É "FICHE"

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[...] Manuel Alegre declarou-se candidato à Presidência por decisão própria e sem consultar o PS. O Bloco de Esquerda, logo a seguir, resolveu, pela boca do seu líder, apoiá-lo. Ao contrário do PCP, que, desde logo, deu a entender ter um candidato próprio. O PS ficou silencioso mas, a pouco e pouco, tornou-se claro que uma parte dos seus militantes e dos seus eleitores habituais não apoiavam Alegre. Eu fui um deles. Por razões exclusivamente políticas. [...]
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Isto escreve hoje Mário Soares no Diário de Notícias. Está tudo certo, excepto a frase final.
Soares, nos últimos tempos, afirma insistente e periodicamente que só faz o que está de acordo com a sua consciência. Fica-se sem saber se tal preocupação é só dos últimos tempos mas, olhando para os antecedentes, adivinha-se que sim. É um propósito de redenção, uma promessa de regeneração para o presente e para o futuro; embora de cumprimento duvidoso. Soares sempre foi homem de dizer hoje o que desmente amanhã, e de orientar a prática política por critérios que têm mais a ver com a sua carreira, interesses pessoais, e ódios de estimação, que com consciência exigente.
O repúdio de Alegre, que eu acho óptimo, não tem nada com razões políticas. Tem tudo com ressentimento, inveja, orgulho ferido, talvez ódio. Soares deve fazer um exame de consciência. Mas só depois das eleições presidenciais, porque o seu fel é mel para quem não quer ver um poeta senil de outra galáxia aterrar em Belém.
. Mário Soares
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