segunda-feira, 28 de março de 2011
O 'RAMBO' AFONSO HENRIQUES
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O príncipe trazia para a guerra as manhas da corte, sem prejudicar a firmeza necessária, a bravura, o sangue-frio e a audácia. Com este conjunto de elementos dava um carácter original à guerra (novo genere pugnandi). Ia de noite, às escondidas (furtim), como um chefe de bandidos em assalto a algum vilar, fortificado, no pendor de uma serra distante (quasi per latrocinium). Assim investiu e tomou Santarém. «Assim conquistou a maior parte dos castelos das províncias de Belatha e Al-Kassr, este inimigo de Deus!» diz o cronista árabe. O ponto de ataque era de antemão escolhido. Por uma noite escura e tempestuosa punha-se a caminho com um troço de homens resolutos: dir-se-ia uma quadrilha de salteadores. Galgavam rapidamente as distâncias, e chegados ao destino, apeavam-se, aproximando-se caladamente dos muros. Afonso Henriques encostado à escada, era o primeiro a subir com o punhal preso entre os dentes. Parava, escutava, com o olhar agudo, a respiração suspensa: afinal pousava ansioso o pé entre as ameias, e apertando o punhal nas mãos, cozia-se com os muros. Na sombra não o distinguiam. Caía como um falcão sobre a sentinela, e apunhalava-a antes que ela pudesse tugir um grito. Entretanto os companheiros iam subindo. O bando reunia-se na esplanada, armado e resoluto, e ao grito de «Santiago!» caía sobre a guarnição adormecida e trucidava-a. «Tal foi o modo por que este inimigo de Deus tomou a maior parte dos castelos das províncias de Belatha e Al-Kassr!»
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Oliveira Martins in "História de Portugal"
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