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Quando desenhamos um átomo, fazemo-lo como se tratássemos de uma estrutura semelhante ao sistema solar, com o núcleo no lugar do Sol, no centro, e os electrões a circular em volta como Mercúrio, Vénus, Terra e por aí fora, cada um sempre no mesmo plano. Na realidade, o movimento dos electrões dos átomos não desenha um figura plana, seja círculo, seja elipse, mas uma figura em três dimensões que pode ser, ou não, uma esfera. As possíveis posições de cada electrão do átomo são dadas pela chamada Equação de Schrödinger, uma tremenda trapalhada para quem não é matemático. E chegados aqui, perguntar-se-á: Então, os electrões sabem Matemática e conhecem a Equação de Schrödinger? Naturalmente que se trata de anedota e os pobres electrões não fazem a mais pequena ideia daquilo que estamos a falar.
Serve isto para dizer que o que chamamos Matemática não é exactamente Matemática, o que parece complicado e passo por isso a tentar explicar.
A música, por exemplo, é uma combinação de diferentes sons associados em séries sucessivas, de acordo com critério estético (talvez não seja só isto, mas serve assim). O compositor começa por fazer a associação, que depois experimenta, apura, refina e escreve finalmente numa pauta. Pergunta-se então: O que é a música? É a versão final que os instrumentos tocam, ou é a pauta? Naturalmente, é o que os instrumentos tocam. E assim, também a Matemática não é a equação de Schrödinger, mas antes o comportamento dos electrões em volta do núcleo atómico. A equação é resultado efluente do fenómeno físico, como a pauta musical decorre do trabalho criativo do compositor. Deste ponto de vista, a Matemática está para a disciplina que se ocupa dela como o concerto está para a pauta. A Matemática é o Universo.
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