segunda-feira, 30 de julho de 2012

A BOTA E A PERDIGOTA

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Os incautos leitores deste espaço percebem os economistas? Humildemente, confesso que não percebo.
Digo isto depois de ler um artigo do economista Professor Doutor João César das Neves no "Diário de Notícias" e ver ali escrito o contrário do que ouço na televisão, na rádio, no café e no barbeiro, e leio nas crónicas do Dr. Soares, do plumitivo Baptista Bastos,  que também deve ser Dr. e se não é devia ser, do Professor Doutor Boaventura Sousa Santos e outras cabeças que não de pescada. Começa assim das Neves:

Na grave recessão produtiva, como normal, ouvem-se muitas tolices e contradições. A real situação económica nacional é muito mais simples e até favorável do que se dá a entender.
A situação financeira, que domina as atenções, evolui bem, como tinha acontecido nos anteriores programas do FMI. Hoje, como em 1978 e 1983, a cura está a ser rápida, com a balança de pagamentos a equilibrar em pouco tempo. E, tal como antigamente, o esforço vem quase todo da economia privada. Aliás, nos dois casos anteriores o défice público até piorou. Se desta vez der uma ajudinha, não será nada mau. Entretanto, como há 30 anos, os intelectuais e comentadores fazem tudo para sabotar o ajustamento. A coisa tem mais graça por os papéis estarem invertidos: há 30 anos a esquerda aplicava a austeridade e a direita protestava.
O episódio financeiro, embora importante, é secundário pois é no lado produtivo que se joga o futuro. Aí as coisas estão a acontecer ainda mais depressa. Prova disso é que, comparando com o segundo trimestre de 2008, início da crise mundial, o emprego português caiu 10% e o investimento 32%. Isto mostra como a primeira fase está a decorrer depressa. 
É verdade que para a maioria dos comentadores são estes os sinais invocados para dizer que "a receita não funciona". Isso explica-se porque eles não falam de economia, mas daquela ficção sóciopecuniária que alimenta a vida político-mediática. Segundo tais falácias, a receita seria adequada se o doente saísse milagrosamente da cama, como um super-herói, sem tratamento nem dor. Após 20 anos de disparates monstruosos, que essa ficção gerou e todos os economistas denunciaram, isso é impossível. Aliás, se as previsões da troika se verificarem, a coisa até nos sairá barata. Para entender isto é preciso compreender os verdadeiros contornos da situação.[...]

Vale a pena ler o artigo todo e pode fazê-lo clicando aqui. Veja quais são os "verdadeiros contornos da situação", e no fim —  se estiver esclarecido — diga-me porque fiquei confuso. Imagine-se a ouvir um relato de futebol em que o relator afirma que a sua equipa está uma desgraça, que não vai lá das pernas, que será uma cabazada, blá, blá, blá; e, a páginas tantas, intervém um comentador para dizer que  está a jogar bem, melhor que o esperado, e a continuar assim, o resultado vai ser bom — alguém não está bom da cabeça; ou está? 
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