Este Governo é de carregar pela boca, como já se
demonstrou pelo exame clínico e pelos exames complementares de diagnóstico; mas
a oposição do PS não lhe fica atrás. Ontem, esse homem simpático e
aparentemente civilizado, Carlos Zorrinho, terá dito aos jornalistas que o último
ano de governação foi "um ano mau, um
ano em que o Governo fez tudo ao contrário do que tinham sido as linhas fortes
da sua campanha eleitoral, que se baseou numa alternativa que se fundamentava
no desenvolvimento sustentável e no rigor".
Não posso estar mais de acordo com a fala de Zorrinho, confirmando
o dizer brasileiro que na prática a teoria é outra. Nas campanhas eleitorais as
promessas de uvas são muitas, mas depois é só parra, a maior parte das vezes
escrita com "o". Só que — uma vez que estamos virados para citações —
quem estiver inocente que atire a primeira pedra.
Há diferenças entre direita e esquerda neste problema — há em
muitos mais, mas agora interessa este. A direita promete mundos e fundos e no
fim dá austeridade e raspas. A esquerda promete mundos e fundos e no fim dá
calotes, aflições financeiras e intervenções do FMI. Os dois lados dão ainda,
em proporções matematicamente iguais, compadrio, enriquecimento ilícito,
corrupção e pouca vergonha.
O PS chocou a presente situação durante uma década, com particular
carinho durante consulado de seis anos do Zezito, que fugiu, fugiu, e nunca
mais ninguém o viu. Chamou o FMI e mais uns abutres, assinou um papel dizendo publicamente
que tinha feito um bom acordo, e deu de frosques. Agora, que o acordo está em
vigor, o PS diz que é insuportável porque ultrapassa tudo o que promete a
força humana.
Digam-me V.Exas que fazer. A alternativa é o PCP e o BE — o que
acham? Por mim, acho que são também uma grande parra com "o". Já lhes
tomámos o gosto durante o PREC e o resultado foi o que se viu! Pum!
.
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