Keynes ficou famosíssimo pela teoria económica que ajudou
o mundo a sair da Grande Depressão nos anos 30 do Século pretérito, como diria
Baptista Bastos no seu burilado estilo barroco do "Diário de Notícias"
(às quartas-feiras, aproveito para informar).
Dizia o Senhor (o Keynes, não o Baptista Bastos): "Para sair da
crise, manter a despesa elevada é vital; e a despesa do governo é,
provavelmente, a melhor maneira de o conseguir".
Em resumo, o que faz
falta é animar a malta, os governos empenharem-se até aos colarinhos,
imprimirem dinheiro, como recomenda o super-especialista em Economia, Mário
Soares, e investir em obras públicas, como queria o incompreendido estadista
Zezito — se têm construído a terceira travessia do Tejo, a linha de grande
vitesse Poceirão-Caia e o Aeroporto de Alcochete, há muito que estaríamos
prósperos.
Keynes achava que não havia nada como gastar, gastar, gastar.
Um belo dia proclamou: "Quando a pessoa poupa 5 xelins, põe um trabalhador
no desemprego durante um dia". Penso eu agora que, se fossem 10 xelins,
seria o desemprego de dois dias, ou de um só dia mas de dois trabalhadores,
embora não tenha a certeza.
Keynes era imparável. Outra vez, disse para as donas de
casa: "Amanhã vão para a rua e façam compras — fazer compras é bom para a
espírito, é bom para a economia". Tal e qual. Está deprimida? Vá comprar. Está preocupada com a situação
económica? Vá comprar. Está triste com a derrota do Benfica? Vá comprar. Blá,
blá, blá? Vá comprar. O mesmo para o seu marido/namorado/companheiro, digo eu.
Mas o Senhor Keynes não era parvo! Aliás, já disse que
era um atonishingly intelligent man e estou a repetir-me sem necessidade. Digo isto porque ele
avisou: "Para estas coisas funcionarem, é preciso criar confiança"! (o
ponto de exclamação é meu e não de Keynes). "E a confiança depende da
economia, mas também da política. E se os políticos blá, blá, blá, então, vai tudo
por água abaixo" (tradução livre de then any
remaining confidence may evaporate and we could suffer from prolonged recession).
Isso mesmo.
O
problema no Luso Torrão é que any remaining confidence evaporated há muito tempo. Ecco!
.
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