.
O homem — e a mulher, claro! — é
o ser mais inteligente do universo. Pelo menos assim pensa o próprio e, na
realidade, ainda não apareceu ninguém desta ou outra galáxia a fazer mais
faísca. Mas a inteligência do homem — e da mulher, claro! — tem
pontos fracos, isto é, inclui algumas burrices. As emoções toldam-lhe a acutilância
intelectual e, com excepção de Baptista Bastos e poucos mais, fazem-no cair no
erro, na visão distorcida da realidade e da verdade suprema. Aí, tem
comportamentos estranhos.
Para compreender melhor do que falo, sirvo-me dum
exemplo. Imagine-se um cancro raro, que aflige 1% da população em cada ano, o
que se chama incidência. E imagine-se igualmente uma análise para detectar esse
cancro que acerta em 79% dos casos, ou seja, em cada 100 pessoas com resultado
positivo, 79 têm o cancro e 21 não têm — os falsos positivos. Portanto, se eu
tenho a análise positiva, tenho 79% de probabilidade de ter o cancro. Certo?
ERRADO!
Está o cálculo errado porque é preciso entrar em conta
com a incidência e, fazendo as contas como diria António Guterres, a
probabilidade de ter o cancro é só de 4,6%! Percentagem ainda preocupante, mas
muito inferior a 79%. A emoção desencadeada por um raciocínio enviesado pode
interferir com a inteligência e dar mau resultado.
Por exemplo, o impacto público dum atentado terrorista num avião mata uma ou duas centenas de pessoas, coisa mais que dramática. Mas diariamente morre mais gente em condições igualmente trágicas, embora em grupos separados, e o mundo fica impávido.
Por exemplo, o impacto público dum atentado terrorista num avião mata uma ou duas centenas de pessoas, coisa mais que dramática. Mas diariamente morre mais gente em condições igualmente trágicas, embora em grupos separados, e o mundo fica impávido.
Por isso, são tomadas medidas desproporcionadas para
evitar os eventuais ataques do terror a aviões. Sabia que a probabilidade de
morrer num ataque desses, mesmo sem as medidas adoptadas actualmente, é bem
menor que a de morrer em actividades quotidianas, como conduzir o automóvel,
viajar num comboio suburbano, subir no elevador, ou atravessar a rua? E,
suprema ironia, aquela probabilidade é também menor do que a de morrer vítima
de cancro induzido pelas máquinas de visualização de imagens de alguns
aeroportos!
Quem entende e aceita isto? Ninguém!!!
O homem — e
a mulher, claro! — é o ser mais inteligente do universo! Está a ver?
.
Sem comentários:
Enviar um comentário