Scott Fritzgerald, famoso cronista da sociedade
americana, conversando um dia com Hemingway — provavelmente depois de um
almoço bem servido suspeito eu — desabafou: os ricos são diferentes de
nós.
É verdade, respondeu Hemingway que concretizou laconicamente: têm
mais dinheiro.
Aí está um diálogo cheio de ensinamentos. As coisas devem ser
decantadas até à espinha antes que opinemos sobre elas. Depois acaba a conversa
quase sempre. A afirmação de Fitzgerald dava pano para uma tarde de diálogo filosófico
e sociológico inconsequente, ainda que lúdico; mas Hemingway,
prosaicamente, arquivou a matéria na prateleira das evidências.
Na realidade, a forma como encaramos as situações depende muito da
natureza que é a nossa, e da hora. Por isso digo que o diálogo terá tido lugar
depois de almoço bem servido, embora a natureza de Hemingway fosse assim. Se confrontado
com as proezas do Relvas, asseguro que seria igualmente lacónico, fechando a
conversa com qualquer coisa do tipo: "É um aldrabão". Na realidade
não há muito mais a dizer.
Vem isto a propósito do espalhafato feito com a nulidade
oportunista em causa. Já deu para perceber que é de facto um maçónico
oportunista, sem ponta por onde pegar, que não deixa bem no retrato o Governo
onde ocupa o segundo lugar na realidade, se não mesmo o primeiro. Tiram-se daí as
ilações e encerra-se o assunto sem mastigar mais.
Ficar agarrado ao aborto na tentativa de arrastar o Governo com
ele denota falta de imaginação e, sobretudo, incapacidade política para explicar
concretamente o que ele — Governo — devia ter feito e não fez e o que fez e não devia ter feito.
Mas os socialistas, depois do desgraçado
consulado do Zezito, não são propriamente grandes modelos de boa prática e não
querem entrar por aí. Preferem mastigar o Relvas, salvo seja, que é bem mais
fácil — facílimo! — e divertido. Não sei quando cai o Governo, mas até lá
vão-nos servir o Relvas diariamente: Relvas de cabidela, Relvas à Bulhão Pato, Relvas
cozido com todos, Relvas de fricassé, blá, blá, blá. Já chega!
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