Zénite s. m.—Ponto do céu directamente por cima da cabeça dum homem em pé, ou duma couve na horta. Considera-se que o homem na cama, ou a couve na panela, não têm zénite; embora tal ponto de vista tenha sido matéria de controvérsia em tempos, com alguns a admitir que a posição do corpo era irrelevante. Eram os chamados Horizontalistas, sendo seus oponentes os Verticalistas.
A heresia Horizontalista acabou com Xanobus, rei filósofo de Abara e zeloso Verticalista. Entrando numa assembleia de filósofos onde se debatia a matéria, atirou com uma cabeça aos pés dos oponentes e pediu-lhes que lhe dissessem onde estava o zénite, acrescentando que o corpo estava lá fora pendurado pelos tornozelos. Verificando que era a cabeça do seu líder, os Horizontalistas logo se declararam convertidos ao que a Coroa quisesse e o Horizontalismo tomou lugar entre fides defuncti.
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Nota—Bierce tem sido objecto de análise por muitos
intelectuais, especialmente homens de letras, que admiram o seu conhecimento de
latim, notoriamente um dos interesses de Bierce. Mas cometia alguns erros, como
esse de fides defuncti. Michael Gilleland, especialista em literatura latina, fala de Bierce e do seu interesse pelo latim, mas aponta-lhe algumas asneiras, entre elas, esta: fides é feminino e defuncti é masculino, pelo que Bierce devia escrever fides defunctae, segundo Gilleland, para significar mortos ou convicções obsoletas. Não interessa.
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