.
Palamedes
A anedota não é uma história de humor—é mais rápida a
provocar o riso, habitualmente mais aberto, até à gargalhada. É também mais
breve. Segundo Freud, a anedota não é contada em poucas palavras, mas em
demasiado poucas palavras—"Quando nasci, era tão feio que o médico deu uma
bofetada na minha mãe"; por exemplo.
Diz-se que foi Palamedes, herói da Guerra de Troia, que inventou
a anedota, mas também se diz que inventou os números, o dinheiro, o xadrez, o
alfabeto, o farol, o pequeno almoço, o almoço e o jantar, o que é invenção a
mais.
Melissus, um dos mentores do Imperador Augusto, terá
compilado quase 150 antologias de anedotas. Infelizmente, perdeu-se isso tudo.
Da antiguidade, sobreviveu um livro, Philogelos (Apreciador do Riso, ou coisa próxima), que contém 264
itens e é, provavelmente, fruto da fusão
de dois livros de dois autores. Os temas são os clássicos de hoje: o bêbado, o
miserável, o basófias, a mulher à procura de sexo, o mau hálito, o distraído e
por aí fora (Um distraído viaja num navio que enfrenta enorme tempestade e, na
eminência da morte colectiva, diz aos escravos que o acompanham e choram: estejam
tranquilos que, no testamento que fiz, vocês são libertados quando eu morrer). E
muita matéria brejeira. Segundo Cícero, uma indecência contada decentemente é o
que provoca mais riso e é verdade. Acrescento que a alface, com fama de anti-afrodisíaco, aparece muito no anedotário clássico.
Estou a estudar a matéria e, em próximos episódios,
trarei algumas larachas da antiguidade clássica e não só. Rir é o melhor remédio: é crise, é pau, é pedra, é o fim do caminho...
.
Sem comentários:
Enviar um comentário