O mundo é feito de matéria inerte e de vida. A primeira conhece-se
razoavelmente; a segunda constitui um mistério—é constituída pelos mesmos elementos
da primeira, mas organizados de forma inesperada. A diferença é de tal monta
que se estabeleceu uma barreira, com a Química e a Física de um lado e a Biologia do outro.
Desde logo, não se percebe
como surgiu a vida, a partir do mundo inanimado. Foi acaso? Custa a engolir
essa! Recentemente, a Química deixou algumas pistas para a abiogénese, como se
chama a formação de vida a partir do estado morto.
Sabemos
agora que um mecanismo semelhante à
evolução de Darwin opera também no mundo inanimado. É possível no laboratório—in
vitro—pôr moléculas de ácido ribonucleico (ARN) a replicarem-se. Mas o importante
é que com o tempo essas moléculas que se reproduziam lentamente, começam a
fazê-lo de forma rápida. Há evolução, provavelmente porque as de reprodução
lenta são eliminadas pela concorrência das mais rápidas. Exactamente como
Darwin descreveu com os seres vivos.
Então, para simplificar a
explicação até ao limite tolerável num pequeno espaço, as moléculas também evoluem e fazem-no tanto
melhor quanto mais complexo e perfeito é o sistema químico em que se incorporam.
Ou seja, de selecção em selecção, acabaram por se integrar em sistemas
complexos que hoje chamamos genericamente vida. Não há qualquer diferença
entre a Química e a Biologia—a vida será simples resultado da evolução química
e nós um dos produtos finais desse sistema. É pouco? É; mas daqui para a frente
entramos no domínio da Teleologia. E aqui chegado, parafraseando Régio, não vou por aí; ou seja,
não me vou meter em tal labor.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário