There are more pleasant things to do than beat up people.
Muhammad Ali
Em Braga morreram três jovens, alunos da Universidade do
Minho, e quatro ficaram feridos quando ruiu um muro onde subiam, ou tinham
subido. Dizem os jornais que se tratava de tradição da praxe académica chamada
guerra de cursos, ou luta de cursos, ou uma burrice do género. A Universidade
do Minho tem menos de 40 anos em actividade e não tem idade para ter tradições,
menos ainda tradições asininas.
A praxe das várias universidades—que se vai revelando
trágica—é uma forma de promoção de alguns idiotas que macaqueiam práticas provincianas,
anacrónicas e alarves de Coimbra, onde segundo penso, estão em declínio. Hoje,
o "Cabido dos Cardeais" pela praxe de Braga, "decretou"
luto académico na Universidade. E um par de estalos na cara? Também era boa
ideia.
Ao ler a notícia, lembrei-me de uma cena passada comigo.
Estava incorporado no Exército como oficial médico e prestava serviço no Regimento
do Serviço de Saúde em Coimbra, enquanto
aguardava nomeação para a chamada guerra colonial—felizmente fui parar a Timor
e não tive guerra nenhuma, além do tempo perdido. Uma noite, saía eu do cinema
que havia na Avenida e fui abordado por um puto encadernado de preto, como as almas vagueando pelo mundo para perder as almas, que me perguntou com ar sério e
solene o que era eu pela "praxe". Disse-lhe: Óh júnior, explica para
mim o que é essa coisa da "praxe". Percebendo o ridículo da situação,
sumiu-se mais depressa do que se apaga um fósforo em dia de ventania—volatilizou.
Faço a justiça a Coimbra de acreditar que tais coisas já
não acontecem na cidade. Chegámos ao Século XXI, o conhecimento humano
progrediu, também com a colaboração da Universidade de Coimbra, e os corvos
embrulhados em ridículos trajes ditos académicos—"caspa e
brilhantina"—que Pacheco Pereira diz serem de padre, já não devem pairar
na porta dos cinemas a importunar gente que tem mais que fazer que aturá-los.
Mas isso é o menos. O problema mesmo é que a idiotice vai
tendo consequências trágicas e irreparáveis.
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