Aristóteles era esperto (!)—um dia escreveu assim, na obra "Sobre o Sono e a Insónia": Quase todos os animais dormem, sejam aquáticos, aéreos, ou terrestres. Mas também sonham?
Aristóteles
fazia a pergunta, mas tinha a resposta. Noutra obra, "A História dos
Animais", dizia que não só o homem
sonha, mas também os cavalos, os cães, as rãs, as ovelhas, os bodes e outros
quadrúpedes sonham. Aristóteles
podia estar a falar um nadinha de cor—a mandar "bitaites", como dizia
o professor Hernâni Gonçalves, autor da expressão que infelizmente morreu
ontem—mas investigações recentes indicam que tinha razão. Acrescentava mesmo
que os cães ladram enquanto dormem, por exemplo.
Durante a fase do sono dita de movimentos rápidos dos
olhos—não interessa agora explicar o que é essa fase—os músculos ficam quase
paralisados. Removendo parte do cérebro a gatos, durante tal fase eles podem
mover-se. Investigadores franceses verificaram que gatos a dormir nessa fase,
não só se movem, como se tornam agressivos e reproduzem comportamentos como se
estivessem a caçar ratos, por exemplo—sonham com qualquer luta imaginária, tal
como homens com perturbações dessa fase do sono exteriorizam os sonhos em que
estão "embrulhados". O mesmo se tem observado em cães.
Há aves que não cantam senão depois de o aprenderem a
fazer com os pais. Os investigadores conseguem acompanhar, por electroencefalografia e imagiologia a actividade
cerebral em curso durante o cântico, chegando ao ponto de identificar o que
corresponde a cada nota. Pois, durante o sono, essas aves sonham que estão a
cantar, facto comprovado pelos registos eléctricos e imagiológicos.
E em ratos, da mesma maneira, é possível acompanhar
movimentos do corpo, apenas imaginados,
durante o sono. Aparentemente, um comportamento frequente parece corresponder a
"passeios através de labirintos"!.
Os homens—e as mulheres, naturalmente (o Dr. Soares diria
os humanos)—não têm consciência de que sonham, enquanto sonham. Só depois de
acordar, e nem sempre. Quanto aos animais, não se sabe, por enquanto, como é. E
também não se sabe como "escolhem" os sonhos. Tanto quanto sei, Freud
não se ocupou dos sonhos caninos.
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