Num jogo de soma zero, o que um contendor ganha perde o outro. O Benfica ganhou dois golos ao Porto, este perdeu dois golos para o Benfica. A soma de ganhos e perdas é nula. É justo, mas não é o melhor. Por vezes, todos perdem no jogo, em termos absolutos—por exemplo, numa hipotética guerra nuclear entre grandes potências o jogo é de soma negativa. Mas o inverso também pode acontecer, ou seja, jogo de soma positiva, em que todos ganham. O quê? Ganhar o Benfica e o Porto? Como é isso? É simples, mas não se aplica ao futebol—eu troco contigo o serviço de te limpar a casa com um salário justo: a casa fica limpa sem te maçares e eu tenho dinheiro para comprar comida, roupa, medicamentos e rebabá.
Socialmente, o jogo de soma positiva está na base do
progresso, embora com muitas incompreensões. Por exemplo, em relação a algumas
minorias étnicas. Judeus, chineses, indianos e negros são considerados geralmente parasitas que vivem à custa da
comunidade sem que se avalie a contribuição paga por eles. Neste caso, se o
resultado da soma do jogo fosse negativa, a existência de tais comunidades seria banida naturalmente, o que não
acontece—nem Hitler, com toda a sua alarvice, conseguiu.
Deste ponto de vista, e de uma maneira geral, todas as
guerras são burrice. O melhor que produzem é vitórias de Pirro. Armas caladas e
conversas faladas resultam em melhores frutos—muito melhores mesmo, se o macaco
nu se comportar como o Homo sapiens que diz ser.
Aliás, ainda o macaco nu estava no cu dos franceses e já
a natureza jogava os jogos de soma positiva. Toda a evolução biológica, para
citar apenas um aspecto da evolução do universo, foi condicionada pela opção
dos jogos de soma positiva: na emergência da célula com núcleo, dos genes, da
reprodução sexuada e um ror de coisas mais, em que a vida se organizou para
tirar vantagem do trabalho associativo, com vantagem colectica.
Assim, tudo que saia fora dos jogos de soma positiva, seja
na política, na economia, nas finanças, na religião, nas relações
internacionais, rebabá, é asinino. Sei que é da natureza do homem ser asinino—nasceu
quase tão asno como o asno propriamente dito, mas ainda está a tempo de se
emendar! Olhando para Putin, não parece; mas está.
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