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Assim ninguém se entende: às terças, Cavaco Silva é um ‘salazarista
convicto’, afirma o dr. Soares. Às quartas, o mesmo dr. Soares pede ao
Presidente da República uma tomada de posição sobre Sócrates. Que posição será
essa? Uma posição branda não serve: criticar a prisão ‘por motivos políticos’
significa dar uma canelada na separação de poderes e transformar o Estado de
Direito numa farsa. É pouco. A solução devia incluir uma acção militar, com o
dr. Cavaco a chefiar um pelotão até Évora com o heróico propósito de libertar o
detido 44. Experiência, aliás, não lhe falta: ao contrário do dr. Soares,
parece que o dr. Cavaco foi à tropa, cumprindo humildemente as obrigações da
ditadura. Se o dr. Cavaco voltar a calçar as botas para salvar o prisioneiro a
quem as querem tirar, talvez o dr. Soares reconsidere a sua posição e, em
próxima coluna, faça um elogio sentido à ditadura pelos nobres soldados que ela
formou.
João Pereira Coutinho in "Correio da Manhã"
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
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