Disse-me uma vez Miguel Torga, logo após o 25 de Abril, "Você, Mário, não precisa de fazer nada, basta meter-se em cima de um andor e deixar andar, porque isso é suficiente para o aplaudirem". De outra vez, ao fazer um discurso em Aveiro, fiquei afónico e fui, depois, ao seu consultório em Coimbra, levando escrito "estou sem voz". Disse-me, com ar imperativo, "dispa as calças". Fiquei hesitante e ele insistiu: "dispa as calças, já disse". Assim fiz. Deu-me uma injeção e subitamente fiquei com voz.
Mário Soares in "Visão"
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