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A Lua formou-se depois da Terra, quase a seguir ao princípio
do Sistema Solar, há 4,5 mil milhões de anos—mais ou menos. O seu nascimento, como
satélite, mudou muita coisa.
Desde logo, o nosso planeta seria maior, uma vez que ela
foi feita a partir dele depois do embate dum corpo rochoso do tamanho de Marte
que nos arrancou a massa de que é composta; corpo esse chamado Theia. Se a
Terra tivesse a dimensão inicial, a rotação iria deformá-la mais e seria, por
isso, muito mais bojuda no Equador.
Além disso, o impacto inclinou a Terra cerca de 23 graus,
situação ainda existente e responsável pelas estações. Sem Lua, o clima em cada
local seria sempre o mesmo, monotonamente, todo o ano.
Tem também papel importante na estabilização da órbita da
Terra. Sem ela, a nossa órbita seria mais irregular, ou seja, andaríamos aos
bordos como os embriagados.
Desempenha importante papel na origem e nas características
das marés, de que depende a vida nas zonas costeiras—a ausência de marés iria
desequilibrar drasticamente aspectos importantes da actual cadeia alimentar.
Depois, ilumina-nos à noite em muitos dias, facto importante
antes da moderna iluminação artificial das zonas urbanas. Há até a chamada Lua
das Colheitas de que já aqui falámos em tempos idos. O fenómeno teria também
implicação na fauna nocturna, como morcegos, mochos e por aí fora.
Finalmente, desacelerou o movimento de rotação da Terra progressivamente—sem
Lua, hoje o dia teria apenas cerca de oito horas.
Em resumo, Terra maior, mais barriguda no Equador, sem
estações, aos trambolhões em volta do Sol, com dias muito pequenos, sem
mexilhão e sem morcegos. O que mais me perturbava era a falta de percebes.
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