O jornalista do
Expresso João Vieira Pereira escreveu no suplemento de Economia do
"Expresso" do dia 1 o seguinte:
No sábado, dia 25 de abril, às 23h58, recebi o
seguinte SMS de António Costa:
“Senhor João Vieira Pereira. Saberá que, em tempos,
o jornalismo foi uma profissão de gente séria, informada, que informava, culta,
que comentava. Hoje, a coberto da confusão entre liberdade de opinar e a
imunidade de insultar, essa profissão respeitável é degradada por desqualificados,
incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que têm de recorrer
ao insulto reles e cobarde para preencher as colunas que lhes estão reservadas.
Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem nem
conhece? Como não vale a pena processá-lo, envio-lhe este SMS para que não tenha
a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso
a seu respeito.
António Costa”
Naturalmente, uma
coisa assim espevita a curiosidade e apressei-me a ler o que teria motivado
reacção tão viva do Secretário-Geral do PS. Deduzo que a indignação de Costa
decorre do início do artigo publicado pelo jornalista no número anterior do
jornal. É assim esse início:
Começo por
esclarecer, para aqueles que consideram que o mundo é branco ou preto, que é
possível alguém com alguns desvios liberais gostar de partes das propostas do
PS. O que me leva a pensar que o relatório "Uma década para Portugal"
está muito mais à direita do PS do que seria de esperar. A grande mais-valia do
estudo é que centra o debate político em políticas económicas, de onde nunca
deveria ter saído.
Só que ao estilo PS. Nada como pedir a uns
independentes que façam umas contas que não comprometem ninguém. Se correr bem
o partido tinha razão. Se correr mal eram apenas umas ideias loucas de uns
economistas bem-intencionados. Esta falta de coragem é a mesma que levou
Sampaio da Nóvoa a avançar sozinho. Uma espécie de "vai andando que eu já
lá vou ter". A política do tubo de ensaio. Cheia de falta de coragem e
reveladora da ausência de pensamento político consistente. [...]
Chegados a este ponto, a primeira coisa a verificar é se
há "insulto reles e cobarde" no texto. Diga-se desde logo que cobardia
está fora de causa porque o jornalista diz o que pensa e dá a cara assinando
por baixo. Fica o "insulto reles" para descascar.
Insulto, dizem os dicionários, é a ofensa feita com
acinte, insolência e desprezo, ou seja, a ofensa praticada por pessoa que se eleva
acima da sua condição com o principal propósito de manifestar desprezo por
alguém.
Neste caso, o jornalista constata factos que enumera: i) foi
pedido um estudo a alguns economistas, cujo resultado será ou não para
concretizar parcial ou totalmente, deixando a porta aberta para o classificar
como mera hipótese de trabalho e atirar à urtigas; ii) o PS tem esse hábito diz,
concretizando que está a fazer o mesmo com a candidatura de Sampaio da Nóvoa,
ou seja, espera para ver em que param as
modas antes de o apoiar ou mandar para a reciclagem. São dois factos indesmentíveis
que Costa não acha bonitos e por isso se sente touché. Mas sentir-se touché
é uma coisa e ter razão é outra.
Tudo visto e respigado, se alguém está a insultar, é ele
mesmo, quando fala em desqualificados, incapazes de ter opinião e discutir,
reles e cobardes.
Em resumo, em termos de peixeirada, Costa goleia Pereira:
Costa 5-0 Pereira—o mesmo resultado do Benfica-Gil Vicente. Por este andar,
Costa ainda vai à Champions.
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