domingo, 3 de maio de 2015

COSTA APURADO PARA A 'CHAMPIONS'

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O jornalista do Expresso João Vieira Pereira escreveu no suplemento de Economia do "Expresso" do dia 1 o seguinte:

No sábado, dia 25 de abril, às 23h58, recebi o seguinte SMS de António Costa:

“Senhor João Vieira Pereira. Saberá que, em tempos, o jornalismo foi uma profissão de gente séria, informada, que informava, culta, que comentava. Hoje, a coberto da confusão entre liberdade de opinar e a imunidade de insultar, essa profissão respeitável é degradada por desqualificados, incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que têm de recorrer ao insulto reles e cobarde para preencher as colunas que lhes estão reservadas. Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem nem conhece? Como não vale a pena processá-lo, envio-lhe este SMS para que não tenha a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso a seu respeito.

António Costa”

Naturalmente, uma coisa assim espevita a curiosidade e apressei-me a ler o que teria motivado reacção tão viva do Secretário-Geral do PS. Deduzo que a indignação de Costa decorre do início do artigo publicado pelo jornalista no número anterior do jornal. É assim esse início:

Começo por esclarecer, para aqueles que consideram que o mundo é branco ou preto, que é possível alguém com alguns desvios liberais gostar de partes das propostas do PS. O que me leva a pensar que o relatório "Uma década para Portugal" está muito mais à direita do PS do que seria de esperar. A grande mais-valia do estudo é que centra o debate político em políticas económicas, de onde nunca deveria ter saído.
Só que ao estilo PS. Nada como pedir a uns independentes que façam umas contas que não comprometem ninguém. Se correr bem o partido tinha razão. Se correr mal eram apenas umas ideias loucas de uns economistas bem-intencionados. Esta falta de coragem é a mesma que levou Sampaio da Nóvoa a avançar sozinho. Uma espécie de "vai andando que eu já lá vou ter". A política do tubo de ensaio. Cheia de falta de coragem e reveladora da ausência de pensamento político consistente. [...]

Chegados a este ponto, a primeira coisa a verificar é se há "insulto reles e cobarde" no texto. Diga-se desde logo que cobardia está fora de causa porque o jornalista diz o que pensa e dá a cara assinando por baixo. Fica o "insulto reles" para descascar.
Insulto, dizem os dicionários, é a ofensa feita com acinte, insolência e desprezo, ou seja, a ofensa praticada por pessoa que se eleva acima da sua condição com o principal propósito de manifestar desprezo por alguém.
Neste caso, o jornalista constata factos que enumera: i) foi pedido um estudo a alguns economistas, cujo resultado será ou não para concretizar parcial ou totalmente, deixando a porta aberta para o classificar como mera hipótese de trabalho e atirar à urtigas; ii) o PS tem esse hábito diz, concretizando que está a fazer o mesmo com a candidatura de Sampaio da Nóvoa, ou seja,  espera para ver em que param as modas antes de o apoiar ou mandar para a reciclagem. São dois factos indesmentíveis que Costa não acha bonitos e por isso se sente touché. Mas sentir-se touché é uma coisa e ter razão é outra.
Tudo visto e respigado, se alguém está a insultar, é ele mesmo, quando fala em desqualificados, incapazes de ter opinião e discutir, reles e cobardes.
Em resumo, em termos de peixeirada, Costa goleia Pereira: Costa 5-0 Pereira—o mesmo resultado do Benfica-Gil Vicente. Por este andar, Costa ainda vai à Champions.
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