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Uma das ferramentas científicas que quase define a
ciência só por si é a experimentação feita segundo regras precisas—a chamada
experimentação controlada, ou como se quiser chamar-lhe.
Na vida do dia a dia, quando é preciso tomar decisões, a
atitude instintiva é ponderar cuidadosamente ou pedir conselho a alguém, quando
o ideal seria seguir o mesmo método, ou seja, sempre que possível experimentar
de forma adequada. A superioridade de tal modus
operandi é demonstrada pela História; não só pelo que tem ensinado ao
mundo através da descoberta de noções científicas fundamentais, muitas consideradas
inesperadas e pouco ortodoxas, como o Princípio Copérnico, a evolução por selecção
natural, a Teoria da Relatividade, a mecânica quântica e por aí fora. A
experimentação científica liberta-nos de humanas restrições, quebra preconceitos,
e potencia a imaginação. Permite-nos ver o universo com outros olhos, de novos ângulos.
Contudo, é surpreendente ver a experimentação quase como monopólio
da ciência e tão pouco usada—ou nada—na economia e na política, por exemplo. As
escassas excepções não confirmam a regra (nenhuma excepção confirma regra
nenhuma, antes confirma que há uma regra, pois caso contrário não haveria
excepções), mas confirmam a validade do
método. Por exemplo a Amazon e a Google não confiam de forma cega o design dos
seus sites a especialistas inspirados, antes experimentam controladamente—o
mesmo que cientificamente—com números, análises qualitativas e quantitativas,
significado estatístico dos resultados, rebabá.
Dir-se-á que já se faz alguma coisa na educação, na
reinserção social de prisioneiros, na selecção profissional e coisas assim. Mas
é tudo muito incipiente em termos científicos, sem amostras significativas, sem
análise duplamente oculta dos dados, sem critérios estatísticos adequados e
mais um ror de pormenores com importância no método científico. Com o devido respeito
por educadores, sociólogos, gestores & Cª, é tudo mais ou menos à Pai Adão.
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PS - Trabalhei num Serviço cujo Director, quando ouvia a leitura dum relatório, apresentação, ou história clínica, ficava calado durante algum tempo, pedia o papel para ver com os próprios olhos, atirava-o para cima da mesa e sintetizava: "Está tosco", dizia em tom definitivo. Tal e qual—apanhei muito disso. Daí o título do post.
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