O peixe da imagem, do tamanho duma roda de automóvel, é o
peixe-lua, Lampris guttatus para gente fina. E porque tem ele a honra de
figurar n' O Dolicocéfalo? Passo a explicar. O peixe-lua é o único peixe
conhecido de sangue quente; isto é, os peixinhos todos são ecotérmicos, ou
seja, a temperatura do sangue é próxima da da água onde nadam, mas este tem temperatura
cerca de cinco graus acima, apesar de frequentar meios mais frios que o meio
hoje no Porto, a quase 400 metros de profundidade (o peixe, não o Porto).
O calor do corpo, gerado pelo exercício rápido das
barbatanas—sobretudo das ventrais—que mantém em permanente movimento, permite-lhe
contrair mais rapidamente os músculos, ter melhor transmissão
neurológica e maior acuidade visual.
Tem pormenores importantes para conservar o calor. Não
vou pregar uma seca com isso, mas sempre digo, por exemplo, que o sangue saído
frio das guelras, no trajecto para o resto do corpo circula em contacto com o
que para elas se dirige, o que permite aquecê-lo, evitando simultaneamente que
vá perder-se calor nas ditas guelras. Chama-se a isso troca térmica em contra-corrente.
Antes do homem ter criado tal coisa industrialmente, já o peixe-lua o tinha
inventado. Mas esqueça e passe à frente porque parece uma charada. O que
interessa é o Lampris guttatus que
deve ser óptimo para comer "ao sal". É só chicha!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário