Rui Ramos, num artigo no "Observador", resume e encerra em dois parágrafos o problema da Grécia:
i) O que limitou as propostas que os outros governos europeus, e não
apenas as “instituições”, têm feito à Grécia, não é simplesmente uma análise da
situação grega, mas a disponibilidade dos eleitorados dos países credores para
partilharem com a Grécia o dinheiro dos seus impostos. Esse é que é o
verdadeiro problema da Grécia – e, já agora, da “Europa”.
II) O governo grego perguntou aos eleitores da Grécia se lhes dava ou não
jeito que os outros contribuintes europeus continuassem a pagar-lhes as despesas.
Aos eleitores gregos, como a quaisquer eleitores em qualquer outra parte do
mundo, o negócio não pareceu mau, e votaram em conformidade. O governo grego só
se esqueceu de uma coisa: foi de perguntar aos outros contribuintes europeus se
também lhes dava jeito continuar a pagar as contas da Grécia. A pergunta,
embora não tendo sido feita, pode ter resposta um dia destes.
Pela minha parte, estou
tão preocupado com a austeridade dos gregos, como eles estão com a austeridade
em Portugal. Malagueta no cu dos outros é refresco para os helénicos cus. Não precisei
de grande convívio para o perceber. As pessoas são roubadas e ninguém viu,
ninguém acredita, ninguém acha possível e polícia insinua que turista inventa.
Consumada a pilhagem, grego ri à socapa do parvo que enganou e considera-se
mais esperto que Eanes Viroufacas ou Aleixo Tripas.
Dir-se-á que estou
traumatizado por alguma situação infeliz. Alguma??!!! Muitas!!! Há duas
situações infelizes ao virar de cada esquina grega. O melhor conselho que posso
dar a alguém que nunca lá foi é continuar a não ir. Vai ver que se dá bem com o
aviso.
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