sexta-feira, 17 de julho de 2015

NEM PÉS NEM CABEÇA

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A zona euro vive numa situação de ditadura económica e financeira, sim, mas convém saber a história para perceber o que são as exigências da moeda única e porque é que a Grécia deveria sair do euro. Não foi a Alemanha que impôs o euro à Europa, foi a França que impôs o euro à Alemanha para viabilizar a reunificação. O chanceler Helmut Kohl, de quem tantos têm tantas saudades, aceitou perder o marco—o que muito lhe custou—mas exigiu regras draconianas para vender a moeda única aos alemães, para garantir que a nova moeda não seria um bodo dos governos. Regras que hoje são, evidentemente, brutais para países que aproveitaram os benefícios de entrar no euro, mas esqueceram-se das respectivas obrigações. Agora, é François Hollande a tentar recuperar da irrelevância em que se transformou depois de ter prometido o fim da austeridade (onde é que já ouvimos isto?) e a exigir um governo económico, e quer impô-lo à Alemanha, uma forma enviesada de diminuir o força económica de Berlim. A história repete-se. Mais integração será necessária, mas tem um preço, exige cedência de soberania, mais ainda. Depois, não digam que é Angela Merkel a impor este caminho à Europa.

António Costa* in "Económico" (*Não é esse Costa!)

Naturalmente, a União Europeia é um mito sem pés nem cabeça; ou melhor, só com pés e sem cabeça. Coisas de gente da "ética republicana" que conhecemos—égalité, liberté et fraternité—e Hollande é o seu cromo e ícone. Quanto ao euro ainda é pior—nem cabeça, nem pés; só recheio de intestino grosso.
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