A zona euro vive numa
situação de ditadura económica e financeira, sim, mas convém saber a história
para perceber o que são as exigências da moeda única e porque é que a Grécia
deveria sair do euro. Não foi a Alemanha que impôs o euro à Europa, foi a França
que impôs o euro à Alemanha para viabilizar a reunificação. O chanceler Helmut
Kohl, de quem tantos têm tantas saudades, aceitou perder o marco—o que muito
lhe custou—mas exigiu regras draconianas para vender a moeda única aos alemães,
para garantir que a nova moeda não seria um bodo dos governos. Regras que hoje
são, evidentemente, brutais para países que aproveitaram os benefícios de
entrar no euro, mas esqueceram-se das respectivas obrigações. Agora, é François
Hollande a tentar recuperar da irrelevância em que se transformou depois de ter
prometido o fim da austeridade (onde é que já ouvimos isto?) e a exigir um
governo económico, e quer impô-lo à Alemanha, uma forma enviesada de diminuir o
força económica de Berlim. A história repete-se. Mais integração será
necessária, mas tem um preço, exige cedência de soberania, mais ainda. Depois,
não digam que é Angela Merkel a impor este caminho à Europa.
António Costa* in "Económico" (*Não é esse
Costa!)
Naturalmente, a União Europeia é um mito sem pés nem
cabeça; ou melhor, só com pés e sem cabeça. Coisas de gente da "ética
republicana" que conhecemos—égalité, liberté et fraternité—e Hollande é o seu
cromo e ícone. Quanto ao euro ainda é pior—nem cabeça, nem pés; só recheio de intestino
grosso.
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