sábado, 11 de julho de 2015

OS HELÉNICOS CALÕES

.

A Grécia pediu esta semana 53,5 mil milhões de euros, por três anos, para um terceiro resgate. O FMI e a UE analisaram o pedido, fizeram contas e chegaram à conclusão que a Grécia, depois da extraordinária performance de Tripas & Associados, precisava de 74 mil milhões. Mas como é preciso acudir a despesas imediatas e urgentes, serão necessários mais 8 mil milhões, o que—até ver—faz 82 mil milhões.
Para ser franco, acho pouco. Desde logo, porque há seguramente algumas dívidas não orçamentadas que é preciso regularizar—coisas relacionadas com indemnizações a funcionários públicos impossibilitados pela actual conjuntura de receber as horas extraordinárias regulamentares, profissionais desgastados à grande vitesse que aguardam a aposentação e se têm mantido a laborar já fora do prazo de desgaste e terão de ser indemnizados, forças policiais a policiar sem receber o complemento de policiamento, arrumadores de carros sem subsídio de refeição e por aí fora.
Pelas minhas contas, feitas nas costas de um envelope, acho que para três anos os gregos precisam, pelo menos, de 150 mil milhões de euros, já a cortar por baixo. Se não, vejamos.
É preciso diminuir a carga fiscal, quiçá fechar os olhos a alguma fuga tributária, tradição cultural milenária do berço da democracia. Grécia sem sonegação de impostos não é Grécia; ou melhor, é Grécia abastardada por prática bárbara de quem não respeita a cultura helénica.
Depois, há o problema da aposentação. Alemão, holandês, finlandês e por aí fora não sabe o que é trabalhar em país mediterrânico—um verdadeiro martírio, mais letal que mina de carvão escocesa da revolução industrial. Quem resiste  a apascentar rebanhos, a ordenhar vacas, a dar serventia de pedreiro para além dos 45 anos de idade?
Talvez um alemão ou um francês, mas esses são uns brutos, verdadeiras bestas de carga que não sabem fazer mais nada a não ser trabalhar. Grego, não—grego é criativo, é esperto e ainda não se desabituou da escravatura da era antiga. Diz-se que nesse tempo a maioria dos cidadãos de Atenas tinham, pelo menos, um escravo. Gregos da União Europeia têm, pelo menos, 80 milhões de escravos alemães e 66 milhões de franceses, passando por cima de outros milhões, entre os quais se conta este vosso criado chamado Dolicocéfalo, que com gosto verá a sua pensão reduzida para valer à civilização inventora da democracia, cujos direitos de autor acho justíssimo continuar pagar per omnia saecula saeculorum.
E depois há o charme espalhado pelo mundo por Varoufakis, mais a mota, o cachecol, os sapatos 48 biqueira larga, a fralda de fora, o ninho de amor com vista para a Acrópole, o piano, o Santorini e a cara de malcriado, tudo com um preço para a humanidade.
Por mim, voto grego e levanto a voz num grito de revolta: Abaixo os plutocratas brutos e provavelmente judeus, abaixo a mesquinhez e viva a solidariedade com os helénicos calões.

.

Sem comentários:

Enviar um comentário