A Grécia pediu esta semana
53,5 mil milhões de euros, por três anos, para um terceiro resgate. O FMI e a
UE analisaram o pedido, fizeram contas e chegaram à conclusão que a Grécia,
depois da extraordinária performance
de Tripas & Associados, precisava
de 74 mil milhões. Mas como é preciso acudir a despesas imediatas e urgentes,
serão necessários mais 8 mil milhões, o que—até ver—faz 82 mil milhões.
Para ser franco, acho
pouco. Desde logo, porque há seguramente algumas dívidas não orçamentadas que é
preciso regularizar—coisas relacionadas com indemnizações a funcionários
públicos impossibilitados pela actual conjuntura de receber as horas
extraordinárias regulamentares, profissionais desgastados à grande vitesse que
aguardam a aposentação e se têm mantido a laborar já fora do prazo de desgaste
e terão de ser indemnizados, forças policiais a policiar sem receber o
complemento de policiamento, arrumadores de carros sem subsídio de refeição e
por aí fora.
Pelas minhas contas, feitas
nas costas de um envelope, acho que para três anos os gregos precisam, pelo
menos, de 150 mil milhões de euros, já a cortar por baixo. Se não, vejamos.
É preciso diminuir a carga
fiscal, quiçá fechar os olhos a alguma fuga tributária, tradição cultural
milenária do berço da democracia. Grécia sem sonegação de impostos não é
Grécia; ou melhor, é Grécia abastardada por prática bárbara de quem não
respeita a cultura helénica.
Depois, há o problema da
aposentação. Alemão, holandês, finlandês e por aí fora não sabe o que é
trabalhar em país mediterrânico—um verdadeiro martírio, mais letal que mina de
carvão escocesa da revolução industrial. Quem resiste a
apascentar rebanhos, a ordenhar vacas, a dar serventia de pedreiro para além
dos 45 anos de idade?
Talvez um alemão ou um
francês, mas esses são uns brutos, verdadeiras bestas de carga que não sabem
fazer mais nada a não ser trabalhar. Grego, não—grego é criativo, é esperto e
ainda não se desabituou da escravatura da era antiga. Diz-se que nesse tempo a
maioria dos cidadãos de Atenas tinham, pelo menos, um escravo. Gregos da União
Europeia têm, pelo menos, 80 milhões de escravos alemães e 66 milhões de
franceses, passando por cima de outros milhões, entre os quais se conta este
vosso criado chamado Dolicocéfalo, que com gosto verá a sua pensão reduzida
para valer à civilização inventora da democracia, cujos direitos de autor acho
justíssimo continuar pagar per omnia saecula
saeculorum.
E depois há o charme espalhado
pelo mundo por Varoufakis, mais a mota, o cachecol, os sapatos 48
biqueira larga, a fralda de fora, o ninho de amor com vista para a Acrópole, o
piano, o Santorini e a cara de malcriado, tudo com um preço para a humanidade.Por mim, voto grego e levanto a voz num grito de revolta: Abaixo os plutocratas brutos e provavelmente judeus, abaixo a mesquinhez e viva a solidariedade com os helénicos calões.
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