Imagino que o leitor é apreciador desse animal repugnante
que dá pelo nome de lampreia, conhecido em muitas paragens por "Nove Olhos"
— por
razão óbvia, relacionada com a sua repugnância.
Pois talvez não saiba é pormenores da reprodução do
bicho. Sabe que as lampreias adultas vivem no mar — onde parasitam outros
peixes, "sugando-lhes o sangue" com a nojenta ventosa que tem no
lugar da boca — e que na idade da reprodução sobem os rios para aí construir os
ninhos. Isso sabe. Talvez não saiba outras coisas.
A postura dos ovos é feita nos meses de Março e Abril,
durante o acasalamento. O macho fixa a fêmea pela cabeça com a horripilante
boca, enquanto esta se fixa nas pedras com igual e horripilante ventosa. O "lampreio" coloca então o orifício genital em frente ao da fêmea e sacode-a violentamente para ela
desovar, procedendo simultaneamente à fecundação dos óvulos — mais de 60.000! A cena pode repetir-se muitas vezes. Depois das cerimónias conjugais, morrem ambos, machos e fêmeas.
Os ovos são levados então para jusante e repousam em
fundo adequado, nascendo as larvas que aí vivem, só com a cabeça de fora,
durante 4 ou 5 anos, alimentando-se de placton e detritos.
Após uma metamorfose, e já com cerca de 15 a 20 cm de
comprimento, iniciam a migração para o mar que ocorre entre Dezembro e Janeiro,
sobretudo durante a noite. Só regressam aos rios, vindas do mar, dentro de 3 anos,
para se reproduzirem.
Sabe-se hoje que as fêmeas de algumas espécies podem
evitar a postura dos óvulos no momento do acasalamento, dependendo do
enquadramento dos machos. A coisa tem aspecto de selecção da paternidade
através da preferência "amorosa" da fêmea! E esta?!
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