O problema "diabo" — o mesmo que mal — existe e é um dilema
clássico na filosofia da religião. Pode ser resumido em quatro pontos:
- Sendo Deus omnipotente, tem poder para criar um mundo sem diabo.
- Sendo Deus omnisciente, nunca o diabo é divinamente ignorado.
- Sendo Deus omnibenevolente, então deseja livrar o mundo do diabo.
- Portanto o mundo devia ser perfeito ou, pelo menos, livre de sofrimento desnecessário.
Porque existe, então, o diabo? Como permite a divindade tal injustiça no
mundo que criou? Há explicações filosóficas contidas num corpo de reflexões
chamado Teodiceia.
Por exemplo, o argumento do livre arbítrio: o diabo não decorre de Deus,
mas do mau uso do livre arbítrio.
Outros argumentam que a bondade — ou, pelo menos algumas formas, como a
compaixão — não é possível num mundo sem diabo e o valor dessa bondade sobrepõe-se
ao diabo que, afinal depende dela.
Há ainda o que se chama defesa da visão global: o diabo só existe porque a
nossa visão é limitada. Se o homem fosse capaz de ver as coisas do ponto de
vista de Deus, aperceber-se-ia que, no panorama geral, cada aparente diabo
desempenha um papel necessário para que o mundo seja mais perfeito.
Tais temas — jogos filosóficos — são bons para raciocínios especulativos
mais ou menos inconsequentes. Tal como refere o último argumento, a nossa visão
é limitada; e, sem dados, ou recursos bastantes, um problema não é resolúvel. Desenhar
um quadrado com a mesma área de um círculo dado, usando apenas régua e
compasso, é impossível. Logo, não percebemos, não explicamos. Ponto!
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