sábado, 11 de fevereiro de 2017

TUPAIA E JAMES COOK

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Quando todas as estrelas estavam prontas para serem postas no céu, a Primeira Dama disse: Nelas escreverei todas as leis que vão governar o homem até à eternidade. Não podem ser escritas na água porque a água muda de forma; nem podem ser escritas na areia porque o vento as apaga; mas, se forem escritas nas estrelas, podem ser lidas e lembradas para sempre.
História da criação do Povo Navajo citada no livro de George Johnson "Fire in the Mind: Science, Faith and the Search for Order’ (1995).
Em 1769, o explorador inglês James Cook embarcou, em Raiatea, perto de Tahiti, um piloto polinésio chamado Tupaia. Este desenhou-lhe um mapa que mostrava todas as ilhas num raio de 1.000 milhas em volta. Cook ficou assombrado com o facto de ele ser capaz de o fazer.
Os navegadores polinésios associavam os conhecimentos geográficos e astronómicos a histórias e lendas que passavam de geração em geração. Era esse o seu segredo. Conheciam centenas de estrelas e eram capazes de se orientarem desde que houvesse uma pequena nesga de céu descoberto. O seu conhecimento estava ligado directamente à vida e à cultura. A associação com histórias, poemas, canções, música e artes visuais fazia-o mais real, com carga emocional mais pesada e fácil de reter na memória. As pequenas histórias ajudam-nos a encontrar o mundo e o lugar do mundo.
Hoje estamos mais desligados das estrelas que nunca; pior que o homem mais primitivo. Mesmo o astrónomo, é hoje diferente. Enquanto o botânico passeia pelo campo, jardim, selva, ou o que seja, incluindo a cidade, e contacta com o objecto do seu conhecimento, mantendo a perspectiva correcta, o astrónomo vê as estrelas por um "canudo", ou no monitor de uma geringonça qualquer. O botânico estuda coisas com que convive proximamente, o astrónomo procura compreender imagens "artificiais", diferentes da realidade.
Até a navegação deixou de ser o que era no tempo do piloto Tupaia do navio de Cook. Tupaia usava as estrelas como pontos de referência; os navegadores modernos orientam-se por "constelações" de satélites artificiais em órbita à volta da Terra e sincronizados por relógios atómicos situados em laboratórios americanos, russos, franceses e por aí fora. Começam a surgir manifestações de ansiedade relacionadas com a dependência de tão grande sofisticação na navegação. A US Naval Academy retomou o ensino da navegação celestial, receosa que está com a fiabilidade da tecnologia geoespacial — ficar emocionalmente como ficamos quando falta a energia eléctrica em nossa casa não é situação brilhante em tempo de guerra!
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