Quando todas as estrelas estavam prontas para serem postas no céu, a
Primeira Dama disse: Nelas escreverei todas as leis que vão governar o homem
até à eternidade. Não podem ser escritas na água porque a água muda de forma;
nem podem ser escritas na areia porque o vento as apaga; mas, se forem escritas
nas estrelas, podem ser lidas e lembradas para sempre.
História da criação do Povo Navajo citada no livro de George Johnson "Fire
in the Mind: Science, Faith and the Search for Order’ (1995).
Em 1769, o explorador inglês James Cook embarcou, em Raiatea, perto
de Tahiti, um piloto polinésio chamado
Tupaia. Este desenhou-lhe um mapa que mostrava todas as ilhas num raio de 1.000
milhas em volta. Cook ficou assombrado com o facto de ele ser capaz de o fazer.
Os navegadores polinésios associavam os conhecimentos geográficos e
astronómicos a histórias e lendas que passavam de geração em geração. Era esse
o seu segredo. Conheciam centenas de estrelas e eram capazes de se orientarem
desde que houvesse uma pequena nesga de céu descoberto. O seu conhecimento
estava ligado directamente à vida e à cultura. A associação com histórias,
poemas, canções, música e artes visuais fazia-o mais real, com carga emocional
mais pesada e fácil de reter na memória. As pequenas histórias ajudam-nos a
encontrar o mundo e o lugar do mundo.
Hoje estamos mais desligados das estrelas que nunca; pior que o homem
mais primitivo. Mesmo o astrónomo, é hoje diferente. Enquanto o botânico
passeia pelo campo, jardim, selva, ou o que seja, incluindo a cidade, e
contacta com o objecto do seu conhecimento, mantendo a perspectiva correcta, o
astrónomo vê as estrelas por um "canudo", ou no monitor de uma
geringonça qualquer. O botânico estuda coisas com que convive proximamente, o
astrónomo procura compreender imagens "artificiais", diferentes da
realidade.
Até a navegação deixou de ser o que era no tempo do piloto Tupaia do
navio de Cook. Tupaia usava as estrelas como pontos de referência; os
navegadores modernos orientam-se por "constelações" de satélites
artificiais em órbita à volta da Terra e sincronizados por relógios atómicos
situados em laboratórios americanos, russos, franceses e por aí fora. Começam a
surgir manifestações de ansiedade relacionadas com a dependência de tão grande
sofisticação na navegação. A US Naval Academy retomou o ensino da navegação
celestial, receosa que está com a fiabilidade da tecnologia geoespacial — ficar
emocionalmente como ficamos quando falta a energia eléctrica em nossa casa não
é situação brilhante em tempo de guerra!
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