terça-feira, 1 de março de 2011

ZU GUTTENBERG: COPIAR E COLAR

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Karl-Theodor zu Guttenberg era Ministro da Defesa da Alemanha, já foi Ministro das Finanças, é muito querido da população germânica porque bem parecido e casado com uma tetraneta de Bismarck, blá, blá, blá. É doutorado pela Universidade de Bayreuth e o jornal “Süddeutsche Zeitung” revelou que a sua tese de doutoramento é cópia de passagens de trabalhos publicados por outrem. Not bad!... Ontem, o ministro pediu a demissão e foi pelo cano abaixo. Paz à sua alma política e académica.

O uso indevido de produção intelectual alheia não é nada de novo neste mundo: sempre foi feita. Copiar e colar não foi inventado pela Microsoft; é apenas maneira expedita de plagiar. Há milhares de páginas arquivadas nas bibliotecas das universidades com material copiado não identificado como tal. Só que, antigamente, por ser um processo manual laborioso e demorado, dava tempo para ser disfarçado, até criativo. Agora, ao alcance de duas teclas, tornou-se perigoso porque aqueles que o usam cedem à tentação cómoda de não o disfarçar; e os motores de busca, como o "Google", tornam fácil a sua detecção. Experimente o leitor incluir na caixa de pesquisa do Google duas ou três frases de um texto publicado e verá, com surpresa, onde tais frases estão publicadas, incluindo o original, fácil de identificar pela data. É a morte dos plagiadores: assim foi apanhada a “genial” Clara Pinto Correia, com textos copiados da revista “The New Yorker”.
Digamos que plagiar tem graus diferentes de gravidade: se a pessoa está interessada em explicar um facto, pode até ser louvável usar os termos em que ele foi exposto originalmente com brilho  por alguém. Conforme o tipo de publicação, é mais ou menos importante revelar a fonte da informação. Num blog como este, por exemplo, a omissão da fonte é irrelevante. Em artigo de opinião, começa a ser preocupante. Numa tese de doutoramento, é gravíssimo. Voilá.
Já nada é o que era: até a falta de honestidade intelectual está a ser encurralada, não obstante a proliferação alucinante de textos. As novas tecnologias dão cabo dela.
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