sábado, 12 de agosto de 2017

É TUDO UM NOJO

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Ricardo Salgado tem uma pose institucional por excelência.
Sempre deu poucas entrevistas – e, quando as dá, não diz praticamente nada.
Usa a estratégia do silêncio, que é muito eficaz, pois nunca se sabe bem o que ele pensa (e até o que ele sabe mas não quer dizer).
Salgado sempre se resguardou.
Mesmo depois da queda do Grupo Espírito Santo, nunca abandonou a sua atitude pública de alguma sobranceria e enfado em relação aos outros mortais – e continuou a falar pouco e a dizer ainda menos.
O que se sabe acerca dele é através de outros.

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Para exercer o seu poder, Salgado tinha os seus ajudantes, os seus funcionários, os seus acólitos, os seus homens de mão.
Homens que recebiam instruções dele e as executavam.
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O próprio primeiro-ministro José Sócrates também fazia parte do grupo que girava à volta de Ricardo Salgado.
Sócrates era um ‘protegido’ de Salgado e, em troca, fazia-lhe todas as vontades.
Funcionava como uma espécie de ‘capataz’ do banqueiro para a área política, e agia de acordo com os seus interesses.
Assim, deu ordens à CGD para chumbar a OPA da Sonae (que, a ter sucesso, poria a PT fora da influência de Salgado).
E depois, sempre na ânsia de ajudar o ‘padrinho’, Sócrates foi enterrando sucessivamente a PT, até à sua destruição final.
José Sócrates tornou-se uma peça fundamental para a estratégia de Ricardo Salgado, pois, além de ser primeiro-ministro e tomar as decisões políticas, tinha gente sua em todas as áreas: na banca (Santos Ferreira, Armando Vara, Francisco Bandeira), na imprensa (Joaquim Oliveira, do Grupo Global Notícias, que fazia tudo o que Sócrates queria, além de jornalistas como Afonso Camões, Emídio Rangel e Paulo Baldaia), na Justiça (Proença de Carvalho, Noronha do Nascimento, Pinto Monteiro), nas empresas (António Mexia, José Penedos, Joaquim Barroca, Carlos Santos Silva), na política (Pedro Silva Pereira, Vieira da Silva, João Galamba) e até no futebol (Rui Pedro Soares, Rui Mão de Ferro).
José Sócrates deu a Ricardo Salgado a ajuda política que ele nunca verdadeiramente tinha tido.
E por essa função cobrou-lhe, segundo o processo Marquês, muitos milhões de euros.
Imagino que Salgado tivesse por Sócrates um profundo desprezo.
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O transcrito em cima são parágrafos da crónica de José António Saraiva no jornal "Sol" de hoje, cujo título é "O Padrinho". Admito que as afirmações  feitas terão fundamento — pelo menos, "assentam" bem nas personalidades em causa. E, a ser assim, É TUDO UM NOJO!...
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